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Setor portuário brasileiro pode sofrer com o aquecimento global e movimentação de carga deve ser afetada

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 26/01/2022 às 12:15
Atualizado em 19/08/2022 às 05:09
O setor portuário no Brasil vem recebendo estímulos com a sanção da BR do Mar, mas o aquecimento global preocupa especialistas em relação à movimentação de carga
O setor portuário no Brasil vem recebendo estímulos com a sanção da BR do Mar, mas o aquecimento global preocupa especialistas em relação à movimentação de carga. Fonte: Divulgação

O setor portuário brasileiro vem recebendo estímulos com a sanção da BR do Mar, mas o aquecimento global preocupa especialistas em relação à movimentação de carga no país

No início do mês de janeiro, o projeto da BR do Mar foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, marcando um grande avanço para os estímulos aos portos brasileiros. No entanto, especialistas destacaram nesta última segunda-feira, (24/01), a preocupação em relação ao aquecimento global e os impactos que esse problema trará à movimentação de carga no setor portuário no Brasil.

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O setor portuário brasileiro foi bastante beneficiado no começo do mês de janeiro, uma vez que o projeto conhecido como BR do Mar foi sancionado pelo presidente e a cabotagem recebeu alguns estímulos. Assim, o Ministério da Infraestrutura está fazendo projeções para o setor e esperando que a capacidade da frota marítima cresça 40% em três anos com o programa, com exceção do transporte de petróleo e derivados e foco na movimentação de carga entre portos do país. 

Os estímulos realizados nesse segmento se fazem cada vez mais necessários dentro do país, uma vez que a cabotagem representa uma grande parte da movimentação de carga. Além disso, somente em 2021, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), o volume de carga no setor cresceu 6,33%, um grande passo para a expansão da presença dos portos brasileiros no mercado nacional, com foco principal na movimentação de carga entre complexos do próprio país. 

No entanto, esses estímulos estão sendo ameaçados por um grande problema que assola o mercado nacional e internacional, o aquecimento global. Assim, uma pesquisa realizada pela ANTAQ em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável mostra que dos 21 portos públicos brasileiros analisados, cinco estão sob nível muito alto de ameaça de aumento do nível do mar até 2050 em decorrência das consequências do aquecimento global, o que pode comprometer bastante a movimentação de carga no país. 

Especialistas apontam necessidade de um olhar mais atento para as consequências do aquecimento global nos portos brasileiros 

Além dos 5 portos que estão sob nível muito alto de ameaça de aumento do nível do mar até o ano de 2050, outros 6 estão classificados em nível alto, o que ainda representa uma grande parcela do setor portuário brasileiro nesse estado de risco. A ameaça de tempestades e vendavais também está sendo presente em parte dos portos do país e esses eventos podem afetar fortemente a cadeia produtiva desses locais. 

Marcus Nakagawa, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental, ressalta a importância de investimentos voltados para políticas públicas que visam mitigar esses riscos e afirmou que “os impactos do aquecimento global vão colocar em risco todos os projetos de governo se não forem consideradas essas variáveis como um risco a qualquer investimento governamental ou empresarial”. O executivo complementou: “No Brasil a gente precisa de mais investimentos no modal de transportes, no modal de redes viárias, de diversas formas. Não somente cabotagem, não somente rodoviária, ou senão ferroviária – que foi nosso antigo modo. A gente precisava ter todos os tipos para que possa ter uma diversificação e correr menos riscos”.

Apesar desse risco para o setor portuário, o centro enxerga no mercado brasileiro uma grande capacidade para se reestruturar e investir em novas alternativas que visem uma segurança maior nessas operações. Com isso, o segmento de portos no Brasil poderá seguir com a movimentação de carga de forma segura e sem riscos ambientais. 

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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