Fabricantes denunciam paralisação de linhas de produção e risco iminente à construção do próximo porta-aviões dos EUA da classe Gerald R. Ford
A construção do próximo porta-aviões dos EUA está sob ameaça direta. A base industrial responsável por fabricar esses colossos navais lançou um alerta contundente: sem um aporte emergencial de US$ 600 milhões, parte da cadeia produtiva vai parar completamente antes mesmo do próximo navio sair do papel.
Fabricantes batem na porta do Congresso sobre o porta-aviões dos EUA
Na semana passada, membros da Aircraft Carrier Industrial Base Coalition (ACIBC) se reuniram com congressistas americanos em busca de uma solução imediata. O grupo quer um compromisso firme de financiamento para iniciar a produção de componentes do futuro porta-aviões dos EUA, o CVN 82, da classe Gerald R. Ford.
“Estamos pedindo recursos agora para evitar o colapso de fornecedores essenciais”, afirmou Lisa Papini, presidente da coalizão. Segundo ela, o início da construção precisa acontecer até, no máximo, o ano fiscal de 2029.
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Linhas de produção estão se apagando
O cenário descrito por Papini é preocupante. De acordo com uma pesquisa feita com 219 fornecedores, 73% das linhas críticas ou de fonte única do programa de porta-aviões dos EUA já estão inativas ou ficarão até 2026. Se nada for feito, esse número pode saltar para 96% até 2028.
“Empresas já estão parando. E por parar, quero dizer que encerraram as operações contínuas de produção”, alertou Papini. Diversas indústrias estão sendo forçadas a deslocar funcionários ou até abandonar o setor naval.
Crise real em meio à demanda crescente
O mais irônico, segundo os representantes da indústria, é que a crise ocorre em um momento de alta demanda global pelos porta-aviões dos EUA. As missões estão cada vez mais longas, exigindo manutenção constante e reposição de peças — justamente as áreas mais impactadas pelo apagão na cadeia produtiva.
“O mesmo fornecedor que constrói o CVN 82 é quem mantém os navios operando em campo. Ignorar isso é cavar um buraco logístico enorme”, pontua Papini.
Compra dupla: a solução que já funcionou antes
Para contornar o problema, a ACIBC propõe que o Congresso aprove simultaneamente a aquisição dos porta-aviões CVN 82 e CVN 83, como já ocorreu com os CVN 80 e CVN 81.
Esse modelo de compra em bloco, com três anos de financiamento antecipado e ciclos de construção mais previsíveis, é defendido inclusive pela própria Marinha americana como a forma mais eficiente de manter o ritmo de produção dos porta-aviões dos EUA.
O tempo está contra a indústria
A cada mês sem decisão, mais fornecedores saem do mercado. A indústria teme que, se o Congresso continuar empurrando com a barriga, o futuro dos porta-aviões dos EUA fique comprometido por anos — e com ele, a capacidade de projeção de poder naval dos Estados Unidos.
A pergunta que fica: os líderes americanos vão agir antes que a cadeia produtiva desmorone de vez?