1. Início
  2. / Notícias
  3. / A arma que pode afundar um império: como os mísseis chineses desafiam o domínio naval dos Estados Unidos
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

A arma que pode afundar um império: como os mísseis chineses desafiam o domínio naval dos Estados Unidos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 17/04/2025 às 00:10
China pode destruir porta-aviões dos EUA em 20 minutos com mísseis hipersônicos, segundo o secretário de Defesa americano. (Ilustração/Ideogram)
China pode destruir porta-aviões dos EUA em 20 minutos com mísseis hipersônicos, segundo o secretário de Defesa americano. (Ilustração/Ideogram)

Em 2025, os EUA admitem que mísseis hipersônicos chineses como o DF-21D e DF-17 podem afundar seus porta-aviões em apenas 20 minutos. O Pentágono vê com preocupação essa ameaça crescente e teme perder sua hegemonia militar no Indo-Pacífico. Uma nova corrida armamentista já começou e o tempo está a favor da China.

Imagine um dos maiores símbolos do poder militar dos Estados Unidos, um porta-aviões gigante, carregando caças, mísseis, radares e sistemas de defesa, sendo destruído em questão de minutos.

Não por um ataque massivo, mas por uma única arma disparada a mais de mil quilômetros de distância, voando a velocidades hipersônicas, capaz de manobrar no meio do caminho e evitar ser interceptada.

Essa é a nova realidade que preocupa autoridades militares em Washington e acende um alerta sobre o futuro da guerra no século XXI.

O avanço da China em tecnologias de mísseis hipersônicos está colocando em risco décadas de supremacia naval dos Estados Unidos, especialmente no Indo-Pacífico, uma das regiões mais tensas do planeta.

Durante uma entrevista concedida em abril de 2025, o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, fez declarações alarmantes sobre o tema.

Segundo Hegseth, a China já possui a capacidade de destruir um porta-aviões americano em apenas 20 minutos, usando seus mísseis de última geração.

Simulações indicam derrota dos EUA em guerra contra China

Hegseth revelou que simulações militares conduzidas pelo próprio Pentágono apontam, de forma consistente, para perdas significativas em confrontos simulados com a China.

Esses cenários incluíam situações hipotéticas de conflito na região do estreito de Taiwan, onde os EUA tentariam intervir em caso de uma invasão chinesa.

O ponto central das derrotas estaria justamente nos porta-aviões, peças-chave da doutrina militar americana.

A doutrina de projeção de poder dos EUA baseia-se fortemente em grupos de batalha centrados em porta-aviões nucleares, que operam como bases flutuantes em qualquer lugar do mundo.

Entretanto, com o surgimento de mísseis como o DF-21D e o DF-17, essa estratégia está se tornando obsoleta.

Mísseis hipersônicos: o novo pesadelo das marinhas modernas

Desenvolvidos pela China nos últimos anos, os mísseis DF-21D e DF-17 fazem parte de uma nova geração de armamentos.

O DF-21D é considerado o primeiro míssil balístico antiporta-aviões do mundo, com alcance estimado de 1.500 a 2.000 quilômetros.

Ele atinge velocidades superiores a Mach 10 (mais de 12.000 km/h) e possui uma ogiva capaz de ajustar sua trajetória durante o voo, dificultando interceptações.

Já o DF-17 incorpora uma tecnologia ainda mais preocupante: a de planadores hipersônicos (HGVs).

Esse tipo de arma é lançado por um foguete e, após atingir uma certa altitude, desliza na atmosfera a velocidades hipersônicas, alterando constantemente sua trajetória.

Analistas afirmam que as defesas antimísseis atuais não são capazes de acompanhar esse tipo de ameaça, deixando os grupos de batalha vulneráveis mesmo com camadas múltiplas de proteção, como os sistemas Aegis.

EUA correm para modernizar defesas e conter avanço chinês

Diante do cenário preocupante, os Estados Unidos estão tentando correr contra o tempo.

Washington tem investido bilhões de dólares no desenvolvimento de novos sistemas de defesa aérea e antimísseis capazes de interceptar ameaças hipersônicas, como o Glide Phase Interceptor (GPI), ainda em fase de testes.

Além disso, a Marinha americana está buscando tornar seus porta-aviões mais furtivos e menos previsíveis, adotando táticas de dispersão e movimentação mais ágil.

No entanto, especialistas alertam que os mísseis chineses já estão operacionais, enquanto as soluções americanas ainda não estão plenamente disponíveis.

A janela de vulnerabilidade estratégica pode durar anos, o que preocupa analistas de segurança nacional.

Tensão crescente no Indo-Pacífico pressiona alianças militares

A ameaça chinesa não é apenas tecnológica, mas também geopolítica.

A tensão no Indo-Pacífico aumentou drasticamente nos últimos anos, principalmente com os exercícios militares chineses próximos a Taiwan, que são vistos por Washington como ensaios para uma possível invasão.

Em resposta, os EUA intensificaram suas parcerias com aliados na região, como Japão, Filipinas, Coreia do Sul e Austrália.

Recentemente, Pete Hegseth visitou bases militares em território filipino e japonês, reforçando o compromisso americano com a segurança do Pacífico.

Washington também tem incentivado o rearmamento e a interoperabilidade das forças armadas dos aliados, inclusive com a venda de armas de alta tecnologia para países parceiros.

Um novo equilíbrio de poder está surgindo?

Para muitos analistas, o avanço chinês em mísseis hipersônicos é apenas a ponta do iceberg.

A China também vem investindo pesadamente em inteligência artificial militar, guerra eletrônica, drones autônomos, armas espaciais e submarinos de ataque silenciosos, criando uma estratégia de negação de acesso (A2/AD) capaz de restringir a liberdade de ação das forças ocidentais no Pacífico.

Caso os EUA não consigam conter esse avanço tecnológico, o equilíbrio de poder global poderá se inclinar definitivamente para o lado de Pequim nos próximos anos.

Ainda não se sabe se a solução será diplomática, dissuasiva ou bélica — mas o jogo de xadrez geoestratégico está em pleno andamento.

E neste tabuleiro, os mísseis hipersônicos são as peças mais perigosas.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x