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Por apenas R$ 145 milhões, Brasil pode incorporar navios de guerra bilionários do Reino Unido e causar revolta internacional

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 15/04/2025 às 19:47
Brasil quer dois navios de guerra britânicos por valor simbólico e gera polêmica no Parlamento do Reino Unido (Imagem: Ilustração/Ideogram)
Brasil quer dois navios de guerra britânicos por valor simbólico e gera polêmica no Parlamento do Reino Unido (Imagem: Ilustração/Ideogram)

Dois gigantes navais britânicos podem cruzar o Atlântico e reforçar a Marinha do Brasil por apenas R$ 145 milhões. Acordo firmado na LAAD 2025 causou revolta no Parlamento britânico, que acusa o governo de “dar de presente” embarcações estratégicas. O Brasil vê nos navios uma chance de aumentar sua presença marítima com baixo custo.

Nos bastidores da indústria de defesa, muitas vezes as negociações mais impactantes acontecem longe do campo de batalha, em salas de reunião, em feiras internacionais ou por meio de discretos protocolos de intenções.

É exatamente isso que está acontecendo entre o Brasil e o Reino Unido, dois países que, apesar de separados por um oceano e por visões diferentes sobre defesa, estão prestes a selar uma transação de alto valor estratégico e baixíssimo custo financeiro.

A Marinha do Brasil assinou um acordo com a Marinha Real Britânica que poderá resultar na aquisição de dois navios de assalto anfíbio: o HMS Albion e o HMS Bulwark.

O protocolo de intenções foi formalizado durante a LAAD Defense & Security 2025, maior feira de defesa e segurança da América Latina, realizada no Rio de Janeiro.

Segundo a própria Marinha brasileira, essas embarcações não seriam utilizadas apenas em cenários de combate, mas também para respostas rápidas a desastres naturais, emergências humanitárias e apoio logístico em regiões afetadas por calamidades.

Navios de guerra com missão humanitária

A Força Naval brasileira explicou que as capacidades dos navios britânicos seriam ideais para situações como as chuvas devastadoras que atingiram São Sebastião (SP) em 2023 e as enchentes históricas que impactaram o Rio Grande do Sul em 2024.

Em ambos os casos, houve críticas à lentidão na chegada de ajuda a regiões isoladas, o que poderia ter sido mitigado com o uso de embarcações como o Albion e o Bulwark, que funcionam como plataformas móveis de desembarque, transporte de tropas, veículos e helicópteros.

Cada um desses navios é capaz de transportar mais de 400 militares e dezenas de veículos blindados, além de contar com plataformas para helicópteros e estruturas hospitalares de campanha, características que os tornam valiosos mesmo fora de cenários militares.

Negociação envolve valores simbólicos e muita controvérsia

O processo de aquisição dos dois navios chamou a atenção não apenas no Brasil, mas principalmente no Reino Unido.

Segundo reportagens da imprensa britânica publicadas em fevereiro de 2025, os navios estariam sendo vendidos por aproximadamente 23 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 145 milhões.

Esse valor, embora alto à primeira vista, representa uma fração irrisória dos mais de R$ 5 bilhões investidos pelo Reino Unido na construção e manutenção dos dois navios nos últimos 14 anos, segundo dados do próprio Ministério da Defesa britânico.

A repercussão foi imediata.

O Parlamento britânico passou a questionar o governo sobre o motivo da venda de dois ativos estratégicos por um valor tão simbólico.

Houve protestos de parlamentares da oposição, que consideram o negócio um desperdício de recursos públicos e uma entrega prematura de capacidade militar naval.

Já a justificativa oficial do governo britânico é que os navios seriam desativados nos próximos anos, e que a venda ao Brasil evitaria os custos de desmontagem ou sucateamento.

O que são os navios HMS Albion e HMS Bulwark?

Projetados no final da década de 1990, os navios da Classe Albion foram concebidos para operações de assalto anfíbio, com capacidade para desembarcar tropas e equipamentos diretamente em praias hostis.

O HMS Albion entrou em serviço em 2003, enquanto o HMS Bulwark foi comissionado em 2005.

Ambos têm cerca de 176 metros de comprimento e deslocamento de até 19 mil toneladas, sendo equipados com docas internas para embarcações de desembarque, hangares para helicópteros e sistemas modernos de comando e controle.

Embora já tenham ultrapassado duas décadas de serviço, as embarcações continuam operacionais e em condições de uso por mais uma década, desde que recebam manutenção e eventuais modernizações.

Brasil investe em reaproveitamento para fortalecer sua Marinha

A Marinha do Brasil tem adotado uma estratégia pragmática nos últimos anos: reforçar sua frota com equipamentos usados, mas com potencial de uso estratégico.

Exemplos anteriores incluem a incorporação de navios da classe Amazonas (ex-Royal Navy), o porta-helicópteros PHM Atlântico (ex-HMS Ocean) e corvetas adquiridas de segunda mão de países como a Coreia do Sul.

A possível aquisição dos navios Albion e Bulwark segue essa mesma lógica.

O objetivo não é competir com potências navais em alto-mar, mas garantir que o Brasil tenha capacidade de resposta rápida em situações críticas ao longo de sua extensa costa, com mais de 7 mil quilômetros, e nas suas áreas de responsabilidade na Amazônia Azul.

Próximos passos do acordo

O protocolo de intenções assinado durante a LAAD 2025 ainda não configura a compra formal.

Trata-se de uma primeira etapa no processo, que depende de avaliações técnicas, negociações sobre valores finais, custos de transporte e reformas que os navios possam necessitar.

Também será necessário o aval do Congresso Nacional, caso o valor total ultrapasse limites legais para compras militares internacionais.

Porém, a assinatura pública do acordo indica o forte interesse brasileiro em fechar o negócio o quanto antes, especialmente diante da pressão crescente por respostas mais ágeis a desastres naturais.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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