Governo chinês critica transação bilionária entre CK Hutchison e BlackRock, alertando para riscos geopolíticos e controle das rotas comerciais com a venda de portos do Canal do Panamá
A venda de portos do Canal do Panamá para um consórcio liderado pela BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos dos Estados Unidos, gerou forte reação do governo chinês. Pequim alega que a negociação, que envolve a transferência de operações portuárias da CK Hutchison Holdings, de Hong Kong, pode afetar rotas comerciais estratégicas na América Latina e ampliar a influência americana na região.
O acordo, estimado em US$ 22,8 bilhões, envolve a venda de 80% das operações portuárias da CK Hutchison em 23 países, incluindo os portos de Balboa e Cristóbal, que operam em ambas as extremidades do canal. A China, que tem ampla participação no comércio latino-americano, vê a mudança como uma possível ameaça aos seus interesses econômicos na região.
China reage e alerta para influência americana sobre o canal
A transação foi duramente criticada pela mídia estatal chinesa, que acusou os EUA de utilizarem meios coercitivos para expandir sua influência na América Latina. Em um artigo publicado pelo jornal Ta Kung Pao, apoiado pelo governo de Hong Kong, analistas afirmaram que permitir a “americanização” do canal pode comprometer sua neutralidade política e operacional, abrindo espaço para possíveis sanções comerciais ou restrições impostas por Washington.
- Brado anuncia investimento de R$ 260 milhões em terminais ferroviários até 2030 para ampliar eficiência logística
- Porto de Roterdã lança sistema de energia em terra para navios de cruzeiro e se adianta às exigências da UE para 2030
- Porto de Vitória recebe dragagem para manter operações em capacidade máxima
- Porto de Paranaguá bate recorde na movimentação de fertilizantes com navio Red Marlin
Nos últimos anos, a China tem investido pesadamente em infraestrutura e logística na América Latina, financiando portos, rodovias e ferrovias em países como Brasil, Argentina e Chile. Alterações no controle de um ponto estratégico como o Canal do Panamá podem impactar diretamente as cadeias de suprimento chinesas, elevando custos logísticos e aumentando a dependência de rotas alternativas.
O impacto da venda dos portos do Canal do Panamá para o comércio latino-americano
O Canal do Panamá é um dos principais corredores de comércio global, por onde passam cerca de 5% do comércio mundial. A América Latina, que tem na China um dos seus principais parceiros comerciais, pode sofrer mudanças significativas na logística de exportação caso novas diretrizes sejam implementadas pela nova administração dos portos.
Empresas chinesas que utilizam o canal para exportar produtos agropecuários, minérios e eletrônicos para os EUA e Europa podem enfrentar tarifas mais altas ou mudanças regulatórias, caso os novos controladores decidam priorizar empresas ocidentais.
Pequim também teme que os EUA usem sua influência sobre a nova administração dos portos para dificultar projetos da Nova Rota da Seda na região, enfraquecendo a presença chinesa na infraestrutura logística da América Latina.
EUA e Panamá defendem venda como estratégica para modernização do canal
O governo panamenho e representantes da BlackRock defenderam a negociação, afirmando que a venda trará investimentos para modernizar as operações portuárias e aumentar a competitividade do canal. Segundo analistas econômicos, a presença de uma gestora americana no comando dos portos pode garantir maior segurança jurídica e estabilidade para investidores internacionais.
Nos bastidores, diplomatas americanos argumentam que a transação é uma resposta ao avanço chinês na América Latina, buscando reequilibrar a balança geopolítica na região. O Departamento de Estado dos EUA ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas chinesas, mas fontes do governo americano indicam que Washington vê a venda como um passo estratégico para ampliar sua influência econômica na América Latina.