Com meta de neutralizar suas emissões até 2050, o Porto de Roterdã acaba de lançar uma instalação que fornece energia elétrica diretamente da terra para navios atracados. A estrutura reduz emissões e ruídos, e antecipa as exigências da União Europeia que só entram em vigor em 2030. O projeto, inédito em larga escala, reforça o compromisso ambiental do maior porto da Europa.
O Porto de Roterdã, um dos mais movimentados e estratégicos do planeta, está mostrando como se faz quando o assunto é inovação sustentável. Foi inaugurado no dia 31 de março o novo sistema Cruise Port Shore Power, uma estrutura que permite que navios de cruzeiro se conectem à rede elétrica terrestre enquanto estão atracados. Com isso, os navios desligam seus motores e reduzem significativamente as emissões de gases poluentes e o barulho gerado nas áreas urbanas próximas.
O projeto levou 22 meses para ser finalizado e foi instalado no Holland Amerikakade, ponto de parada tradicional para grandes embarcações turísticas. Essa é a primeira grande iniciativa do tipo no país e coloca o Porto de Roterdã à frente da meta europeia, que só vai exigir esse tipo de conexão a partir de 2030.
Energia em terra: por que isso importa?
Quando um navio atraca, ele continua precisando de energia para manter sistemas essenciais em funcionamento — como iluminação, refrigeração e equipamentos de segurança. Tradicionalmente, essa energia vem do próprio motor da embarcação, movido a combustíveis fósseis.
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Com a nova estrutura, os navios passam a se conectar à rede elétrica local, que no caso de Roterdã é cada vez mais abastecida por fontes renováveis. Resultado? Menos poluição do ar, menos barulho e um ganho significativo na qualidade de vida das regiões portuárias.
Antecipando a regulação europeia
O novo sistema de Roterdã está alinhado com o Regulamento (UE) 2023/1805, que tornará obrigatória a alimentação elétrica em terra para navios atracados em portos europeus a partir de 1º de janeiro de 2030. A ideia da União Europeia é reduzir drasticamente a pegada de carbono do setor marítimo, responsável por cerca de 3% das emissões globais.
Ao inaugurar sua estação cinco anos antes do prazo, o Porto de Roterdã se posiciona como modelo para os demais portos do continente — e também como parceiro ideal para empresas que já estão se adaptando a essa nova realidade, como a MSC Cruzeiros, que promete conectar seus navios à energia terrestre em 15 portos europeus até 2026.
Sustentabilidade como prioridade
A medida faz parte do plano do Porto de Roterdã para atingir a neutralidade de carbono até 2050, em sintonia com o Green Deal Europeu. A ideia é transformar completamente o funcionamento do porto, priorizando tecnologias limpas, logística verde e energia renovável.
Além do sistema Shore Power para cruzeiros, terminais de contêineres e instalações industriais na área portuária também estão migrando para fontes elétricas e alternativas menos poluentes. Algumas iniciativas em andamento incluem:
- Estações para abastecimento de hidrogênio verde
- Instalação de painéis solares em galpões logísticos
- Testes com rebocadores elétricos e embarcações autônomas