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Mudanças climáticas e infraestrutura portuária: Desafios e estratégias para adaptação sustentável

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 24/03/2025 às 19:35
Navio atracado em porto durante tempestade, com ondas fortes e trabalhadores em ação sob céu nublado
Trabalhadores portuários enfrentam condições severas enquanto navio atraca em meio a ondas fortes, ilustrando os desafios climáticos nos portos

As mudanças climáticas têm um impacto crescente sobre a infraestrutura portuária global. Com o aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos mais frequentes, a necessidade de planejamento e adaptação se torna essencial.

O aquecimento global tem influenciado diversos setores econômicos, incluindo o setor portuário, que enfrenta desafios significativos devido à elevação do nível do mar. Com previsões científicas apontando possíveis impactos nas próximas décadas, a implementação de medidas estratégicas é essencial para garantir a segurança e a eficiência operacional.

O aumento do nível do mar e seus impactos

Estudos da Iniciativa Internacional de Clima da Criosfera (ICCI), publicados em 2023, apontam que o nível do mar pode subir até um metro até 2050.
Essa elevação exigirá adaptações urgentes na infraestrutura portuária, especialmente em áreas costeiras vulneráveis.
Além disso, portos como Houston e Galveston estão entre os mais suscetíveis a impactos climáticos, segundo o relatório da ICCI de 2023.
O documento reforça a importância do planejamento e da mitigação de riscos para preservar operações portuárias.
No Brasil, eventos climáticos extremos já afetaram o setor, como ocorreu no Porto de Rio Grande em 2023.
Naquele ano, inundações no Rio Grande do Sul causaram paralisações significativas, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Os impactos potenciais incluem restrição no acesso às áreas operacionais, afetando diretamente a logística portuária e a cadeia de suprimentos. Danos a equipamentos e estruturas elevam os custos operacionais e exigem investimentos em adaptação, conforme análise da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) de 2022. A redução da capacidade de armazenagem compromete o fluxo de mercadorias e a competitividade do setor, conforme estudo da International Maritime Organization (IMO) de 2021.

Como os portos podem se adaptar

Portos ao redor do mundo, portanto, estão adotando medidas para mitigar impactos e, ao mesmo tempo, garantir a resiliência operacional. Além disso, estudos de risco climático permitem a implementação de soluções preventivas. Por exemplo, o Porto de Roterdã iniciou esses estudos em 2018 e, consequentemente, prevê medidas adaptativas para serem aplicadas até 2030.

Do mesmo modo, a adoção de fontes renováveis contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Desde 2020, a IAPH, por sua vez, incentiva essa prática entre portos e terminais em todo o mundo.

Adicionalmente, a gestão eficiente da água e o uso de infraestrutura verde — como reuso e tratamento de efluentes — vêm sendo adotados pelo Porto de Hamburgo desde 2019, com o objetivo de promover a sustentabilidade.

Por fim, o monitoramento contínuo das emissões e dos impactos ambientais tornou-se uma prioridade global. Em 2021, a IMO, nesse sentido, reforçou o uso de tecnologias de rastreamento de carbono em portos.

O compromisso do Porto Sudeste com a sustentabilidade

O Porto Sudeste tem implementado estratégias para reduzir impactos ambientais e fortalecer a resiliência operacional. Entre as ações adotadas, destaca-se a meta de reduzir 50,4% das emissões de GEE até 2033, com base em 2021.

Essa meta foi definida conforme o Inventário de Emissões de 2023, que orienta as estratégias ambientais da empresa. O uso de energia limpa adquirida de fornecedores certificados promove maior eficiência energética e menor impacto ambiental, compromisso firmado em 2022. O monitoramento das emissões de navios atracados, por meio da ferramenta Rightship, aprimora a gestão ambiental e foi adotado em 2021. O investimento em infraestrutura verde associado à otimização de processos logísticos visa mitigar impactos ambientais, projeto iniciado em 2020.

O papel da ANTAQ e do setor aquaviário

A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), com o objetivo de reduzir as emissões no setor portuário, tem promovido diversas ações estratégicas. Por exemplo, em 2023, foi lançado o primeiro Inventário de GEE do Setor Aquaviário, o qual apresenta dados detalhados sobre emissões e, além disso, oferece suporte à criação de políticas públicas mais eficazes. Ademais, a agência estimula os terminais portuários a adotar práticas sustentáveis, assegurando, assim, maior alinhamento com as regulamentações ambientais. Por fim, a transição para uma economia de baixo carbono está em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela IMO e pela UNCTAD em 2022.

O futuro dos portos diante das mudanças climáticas

A adaptação às mudanças climáticas é um desafio crescente para o setor portuário. Para garantir a continuidade operacional e reduzir impactos ambientais, é essencial adotar medidas estratégicas, como a redução das emissões de carbono.
Além disso, isso ajuda a minimizar impactos ambientais e aumenta a competitividade do setor no mercado global.

O investimento em infraestrutura resiliente, por isso, assegura maior segurança operacional e contribui para a mitigação de riscos climáticos. Além disso, a inovação e a eficiência energética promovem não apenas maior sustentabilidade, mas também reduzem os custos operacionais a longo prazo. Com um planejamento adequado e, sobretudo, ações coordenadas, os portos poderão enfrentar os desafios climáticos e, assim, garantir operações mais sustentáveis e seguras para o futuro.



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