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Porto naval no Camboja financiado pela China: O jogo geopolítico que pode mudar o equilíbrio no sudeste Asiático

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/03/2025 às 23:44
O porto naval no Camboja, financiado pela China, retoma operações com a visita de navio japonês, gerando tensões entre potências militares. (Imagem: reprodução)
O porto naval no Camboja, financiado pela China, retoma operações com a visita de navio japonês, gerando tensões entre potências militares. (Imagem: reprodução)

Expansão da Base Naval de Ream no Camboja, financiada pela China, desperta tensões internacionais. A disputa pelo Mar do Sul da China se intensifica enquanto EUA e Japão observam de perto a crescente influência militar chinesa na região.

O Camboja tem atraído atenção mundial com o porto naval de Ream, que está prestes a iniciar uma nova fase de operações, e que, localizado de forma estratégica no Golfo da Tailândia, tornou-se um símbolo das crescentes ambições militares da China na região, gerando tensões com várias potências globais.

A base, com sua nova infraestrutura, está prestes a reconfigurar as dinâmicas de poder no Mar do Sul da China.

Camboja, um país pequeno mas com grande importância estratégica, se viu no centro de um jogo geopolítico complexo.

A China, investindo fortemente no Camboja, pode agora usar sua base naval para expandir sua presença militar no Sudeste Asiático.

Isso coloca o país em um ponto de atenção internacional, especialmente para os Estados Unidos e Japão.

O retorno das operações no porto: O que esperar da expansão?

O porto de Ream retoma suas operações em abril, com a inauguração marcada para o dia 2.

A base receberá um navio japonês, que será a primeira embarcação estrangeira a atracar no novo cais.

Esse gesto sublinha a cooperação entre o Japão e o Camboja, mas também indica uma tentativa de equilibrar as relações com a China, maior parceira econômica e militar do país.

O novo cais e a doca seca para reparos são apenas parte de um projeto de modernização mais amplo.

Com esses aprimoramentos, o Camboja prepara a base para se tornar um ponto de apoio para navios de guerra de diferentes países.

Embora a China tenha financiado a expansão, o Camboja parece querer evitar que a base se transforme em um posto militar exclusivo para a marinha chinesa.

O que está em jogo no mar do sul da China?

A Base Naval de Ream, localizada no Golfo da Tailândia, ocupa uma posição estratégica importante.

O Mar do Sul da China, uma via navegável vital para o comércio global, é reivindicado em sua totalidade pela China, o que gerou controvérsias e tensões com outros países da região, como os Estados Unidos.

A China tem se mostrado cada vez mais assertiva em suas reivindicações, enquanto as manobras militares dos EUA reforçam a visão de que o mar deve ser tratado como águas internacionais.

No centro dessa disputa, o Camboja emerge como um ator-chave.

Em 2022, o país iniciou o projeto de expansão da base com o apoio financeiro da China, o que atraiu a atenção dos EUA e gerou preocupações sobre o uso militar da base.

Washington vê a presença militar da China como uma ameaça ao equilíbrio de poder na região e tem pressionado o Camboja a manter sua base acessível para países além da China.

O porto naval no Camboja, financiado pela China, retoma operações com a visita de navio japonês, gerando tensões entre potências militares. (Imagem: reprodução)
O porto naval no Camboja, financiado pela China, retoma operações com a visita de navio japonês, gerando tensões entre potências militares. (Imagem: reprodução)

Preocupações dos EUA e oposição ao crescimento da influência Chinesa

Os Estados Unidos estão especialmente vigilantes em relação à expansão do porto de Ream.

Em 2019, o Wall Street Journal revelou que um acordo preliminar entre Camboja e China permitiria à China usar a base por até 30 anos.

Isso gerou suspeitas de que o local se tornaria um ponto de apoio permanente para a marinha chinesa no Sudeste Asiático.

O governo cambojano negou essas alegações, mas a preocupação com a militarização do país por parte da China permanece.

Além disso, a permanência prolongada de navios de guerra chineses na base durante 2023 alimentou essas suspeitas.

A expansão da base, com sua infraestrutura moderna, coloca o Camboja em uma posição delicada.

O país tenta equilibrar sua relação com a China, mas ao mesmo tempo se esforça para mostrar que está aberto a parcerias internacionais.

A visita de navios japoneses à base pode ser interpretada como um passo nessa direção.

A relevância estratégica do Japão no contexto

O Japão desempenha um papel importante nesse novo contexto geopolítico.

O Japão tem investido pesadamente no Sudeste Asiático, oferecendo ajuda em infraestrutura e colaboração militar.

Sua presença no porto de Ream representa uma tentativa de estabelecer uma alternativa à crescente presença chinesa na região.

A visita dos navios de guerra japoneses simboliza a intenção do Camboja de não se aliar exclusivamente à China, embora as relações com Pequim ainda sejam vitais.

Para o analista de defesa Euan Graham, a visita dos navios japoneses é uma tentativa do Camboja de enviar uma mensagem clara de que a base de Ream não está reservada apenas para a China.

A abertura da base para outras nações pode ajudar a preservar sua autonomia política e estratégica.

Segundo Graham, a cooperação com o Japão é uma forma de garantir que a base de Ream permaneça internacional, sem se tornar uma ferramenta de poder exclusivo de Pequim.

A posição do governo Cambojano e a visão para o futuro

O governo cambojano tem enfatizado a ideia de uma base aberta a todos os países amigos.

Chhum Socheat, porta-voz do Ministério da Defesa, afirmou que a base será acessível a navios de guerra de países aliados.

No entanto, o governo cambojano não especificou as condições que esses países devem cumprir para atracar no novo cais.

Essa postura pode ser uma tentativa de garantir uma certa independência em relação à crescente pressão de potências globais, especialmente os Estados Unidos.

Ao permitir a entrada de navios de guerra estrangeiros, o Camboja pode construir uma imagem de neutralidade e compromisso com a segurança regional.

No entanto, isso não significa que o país esteja disposto a cortar laços com a China, seu maior parceiro econômico e militar.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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