As decisões de Donald Trump pode prejudicar a indústria marítima dos Estados Unidos
A proposta do ex-presidente Donald Trump de cobrar taxas sobre navios ligados à China está causando alarme entre executivos do setor marítimo. A medida, que visa impulsionar a construção naval nos Estados Unidos, pode acabar prejudicando justamente as empresas que movimentam cargas no país.
Taxas podem ultrapassar US$ 3 milhões por escala
O plano prevê tarifas de até US$ 3 milhões por escala de navios construídos na China. O governo Trump afirma que a medida ajudaria a reduzir o domínio chinês nos mares e fortalecer a indústria nacional. Sindicatos, siderúrgicas americanas e alguns parlamentares democratas apoiam a ideia.
Mas executivos da área marítima dizem que as consequências seriam graves. Eles participaram de uma audiência do Representante Comercial dos EUA (USTR) na segunda-feira e alertaram sobre perdas de empregos, aumento de custos e impacto direto em setores como agricultura, mineração e manufatura.
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Empresas americanas usam navios chineses
Edward Gonzalez, CEO da Seaboard Marine, maior transportadora de carga marítima de propriedade americana, afirmou que a proposta ameaça sua operação. Segundo ele, 16 dos 24 navios da empresa foram construídos na China.
A substituição dessas embarcações levaria anos. Os estaleiros dos EUA produzem menos de 10 navios por ano. Já a China constrói cerca de 1.000 no mesmo período. Japão e Coreia do Sul, outros grandes fabricantes, não teriam como atender à demanda no curto prazo.
Acesso ao mercado em risco
Exportadores agrícolas já enfrentam dificuldades para reservar navios além de maio. O plano de tarifas cria incertezas que afetam diretamente o escoamento de soja, milho e outros produtos.
Mike Koehne, da Associação Americana de Soja, pediu cautela ao USTR. Ele alertou que qualquer iniciativa para impulsionar a indústria naval não pode prejudicar o acesso dos agricultores ao mercado internacional.
Aumento de preços e perda de empregos
Nate Herman, da Associação de Calçados e Vestuário, foi direto: as taxas resultarão em preços mais altos para consumidores e perda de empregos nos EUA. Um estudo citado por ele estima queda de 12% nas exportações e recuo de 0,25% no PIB.
Alternativas e impacto nos portos
A proposta inclui formas de evitar as tarifas, como ter menos de 25% da frota com navios chineses. Porém, um rascunho de ordem executiva pode tornar essas exigências ainda mais rígidas.
Diante disso, empresas podem optar por menos escalas, usar navios maiores e centralizar operações em grandes portos. Pequenos portos ficariam isolados, e a cadeia logística enfrentaria pressão semelhante à vivida na pandemia.