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Aviões espiões da Austrália trabalham horas extras durante exercícios navais chineses nas proximidades

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/03/2025 às 13:11
aviões espiões
MC2 Jacquelin Frost/Marinha dos EUA)

Em meio a exercícios navais realizados pela China, aviões espiões da Austrália realizaram operações prolongadas de vigilância nas proximidades. As ações refletem o clima de tensão crescente na região e o interesse estratégico em monitorar movimentos militares chineses.

Navios de guerra chineses passaram perto da Austrália no mês passado. A resposta foi imediata. Aeronaves de vigilância da Austrália e da Nova Zelândia entraram em ação e realizaram operações longas e frequentes. A movimentação despertou atenção e preocupação nos dois países.

Poseidons em ação

O principal destaque da reação australiana foi o uso da aeronave P-8A Poseidon. Esse avião consegue voar por até 20 horas seguidas, caso seja reabastecido no ar. Hoje, a Força Aérea Australiana tem 12 unidades e deve receber mais duas em breve.

Durante a movimentação dos navios chineses, os P-8As voaram intensamente. As missões tiveram longa duração sendo feitas com alta frequência, segundo um tripulante ouvido durante o Avalon International Airshow 2025, que acontece entre 25 e 30 de março.

Nova Zelândia também reagiu

A Força Aérea da Nova Zelândia também agiu. Seus próprios Poseidons ajudaram a vigiar os três navios chineses. A frota incluía uma fragata, um cruzador e um navio de reabastecimento.

O trio passou pelo Mar da Tasmânia e, nos dias 21 e 22 de fevereiro, realizou exercícios de artilharia. A atividade surpreendeu os países vizinhos e afetou o tráfego aéreo na região.

Cerca de 50 aviões precisaram desviar de rota.

Ainda não se sabe se os navios estavam acompanhados por um submarino de ataque. Os P-8s são especialistas em guerra antissubmarino, mas autoridades não confirmaram nenhuma detecção durante as operações.

Reação estratégica

Jennifer Parker, do National Security College da Universidade Nacional Australiana, disse que os exercícios chineses foram legais.

A ação ocorreu em alto-mar, onde esse tipo de atividade é comum. Mesmo assim, ela acredita que houve uma mensagem embutida.

Segundo Parker, os navios não estavam apenas de passagem. “Há uma razão para estarem aqui”, disse ela. “Isso é sobre enviar uma mensagem sobre sua capacidade.” A China parece ter feito uma demonstração clara para a Austrália e a Nova Zelândia.

Presença cada vez mais comum

Especialistas alertam que ações assim podem se tornar frequentes. A região da Australásia não está acostumada com esse tipo de presença. Mas a marinha chinesa está crescendo rápido e quer atuar em uma área mais ampla do Indo-Pacífico.

David Capie, da Universidade Victoria em Wellington, acredita que veremos mais grupos de navios da China navegando perto da região. Parker concorda. Para ela, o objetivo é testar a reação australiana – tanto militar quanto da própria população.

Limitações e preocupações

Apesar da boa resposta dos dois países, há limitações. A Nova Zelândia tem apenas duas fragatas em operação. A Austrália, por sua vez, possui dez navios de guerra atualmente. Capie avaliou que a reação foi bem coordenada, mas alertou para a falta de combatentes de superfície.

Uma fonte chegou a dizer que a Nova Zelândia virou quase um “passivo estratégico” para a Austrália. O motivo seria a fragilidade do seu exército. Parker defende que os dois países alinhem suas compras e treinamentos militares.

Olho no futuro com drones

Além dos aviões tripulados, a Austrália aposta agora em aeronaves não tripuladas. O drone MQ-4C Triton, da empresa Northrop Grumman, deve reforçar a vigilância marítima. Hoje, o país tem um Triton. Dois outros devem chegar em abril. Um quarto já foi encomendado.

Com alcance de 7.400 milhas náuticas e autonomia de mais de 24 horas, o Triton é ideal para monitorar grandes áreas. A frota ficará baseada no norte da Austrália, mas será operada a partir do sul do país.

As autoridades estão confiantes. O drone já voou na Austrália em fevereiro e março. “Estou realmente confortável que ele esteja no caminho certo”, disse Hogan, representante da Força Aérea.

Mesmo com os últimos acontecimentos, ele afirmou que o número planejado de drones continua suficiente. Segundo ele, cada Triton consegue vigiar uma área do tamanho da Austrália Ocidental em 24 horas.

Essa nova capacidade pode ser essencial diante do aumento da presença chinesa nos mares próximos.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista com mais de uma década de experiência, especializado na cobertura de temas estratégicos como indústria naval, tecnologia, economia, geopolítica, setor automotivo, energia renovável e política. Desde 2015, atuo em grandes portais de notícias, com destaque especial para reportagens e análises sobre o setor naval, acompanhando de perto as tendências, desafios e inovações da indústria marítima nacional e internacional.

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