A Marinha do Brasil avança no Programa de Submarinos (Prosub), com foco na construção de um submarino nuclear para 2034.
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha do Brasil, alcança um marco significativo em 2024, com a entrada na fase decisiva para a construção de submarinos convencionais e nucleares. O programa, que teve início em 2008, busca ampliar a capacidade da frota naval do Brasil, com foco em aumentar a segurança da Amazônia Azul — a vasta área marítima vital para a economia e segurança nacional.
Fase atual do Prosub: Conclusão de Submarinos e avanço para propulsão nuclear
A Marinha do Brasil já entregou dois submarinos da classe Riachuelo, com propulsão diesel-elétrica, uma parte essencial do programa de modernização da frota.
Esses submarinos têm sido cruciais para fortalecer a presença da Marinha nas águas do Atlântico Sul e garantir o controle das rotas comerciais e riquezas naturais do Brasil.
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O lançamento de mais dois submarinos, também da classe Riachuelo, está previsto para até o fim de 2026, marcando a continuidade do sucesso dessa fase do Prosub.
No entanto, a grande expectativa recai sobre a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro, um projeto ambicioso que está sendo negociado com o grupo francês Naval Group.
As negociações, que devem ser finalizadas em breve, envolvem a construção de um submarino com propulsão nuclear — um passo crucial para a Marinha do Brasil se integrar ao seleto grupo de países que possuem submarinos nucleares.
Orçamento e desafios financeiros do Prosub da Marinha do Brasil
Apesar da importância estratégica do Prosub para o Brasil, o financiamento contínuo do programa tem sido uma preocupação para a Marinha.
O orçamento anual destinado à construção de submarinos, que anteriormente chegou a cerca de R$ 4 bilhões durante o crescimento econômico do Brasil, foi reduzido para cerca de R$ 2 bilhões desde a recessão de 2015/2016.
Para 2025, o governo propôs um orçamento de R$ 2,1 bilhões, mas ainda existe uma preocupação significativa com a insuficiência desses recursos para garantir o cronograma do submarino nuclear, com previsão de lançamento entre 2034 e 2035.
Oficiais da Marinha alertam que, para manter o cronograma, seria necessário um aumento significativo no orçamento, com um aporte adicional de pelo menos R$ 1 bilhão por ano.
Além disso, a Marinha enfrenta outros desafios orçamentários, como a desativação de 43 embarcações da frota até 2028, o que aumenta ainda mais a pressão sobre os recursos destinados aos programas de defesa.
O impacto estratégico do submarino nuclear
A construção de um submarino com propulsão nuclear é vista pela Marinha do Brasil como um passo fundamental para aumentar a capacidade dissuasória do país, especialmente em relação à proteção da Amazônia Azul.
Com uma área de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia Azul é uma das regiões mais importantes para o Brasil, concentrando grande parte da produção de petróleo e recursos minerais, além de ser a principal rota para o comércio exterior brasileiro.
Somente seis países no mundo possuem submarinos com propulsão nuclear, colocando o Brasil em uma posição estratégica de destaque ao se tornar um dos poucos países com essa tecnologia. Sendo esses países: China, Estados Unidos, França, Índia, Reino Unido, Rússia.
O submarino Almirante Álvaro Alberto, que será o primeiro do Brasil a ser equipado com propulsão nuclear, representará um avanço sem precedentes no poder naval brasileiro.
Infraestrutura e desafios técnicos do Prosub
A fase atual do Prosub envolve não apenas a construção de novos submarinos, mas também adaptações significativas na infraestrutura existente.
O Complexo Naval de Itaguaí (RJ) será a base para a construção do submarino nuclear, mas é necessário realizar modificações nos cais e diques para atender aos requisitos específicos de um reator nuclear.
Além disso, o Brasil precisará trabalhar o em colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para garantir que o submarino não carregue armamentos nucleares e para garantir a transparência nas operações.
No interior de São Paulo, em Iperó, estão localizados dois laboratórios essenciais para o desenvolvimento do submarino nuclear.
O Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI) é responsável pelo desenvolvimento do combustível para o reator nuclear, enquanto o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene) simula as operações do reator e dos sistemas elétricos e mecânicos que serão instalados no submarino.
A Marinha do Brasil espera que o reator nuclear seja plenamente operacional em 2027 ou 2028, o que permitirá que as obras de construção do submarino nuclear em Itaguaí comecem dentro do prazo estipulado.
A importância do Prosub e o papel da Marinha do Brasil
O Prosub é um dos programas de defesa mais importantes para o Brasil, com um impacto direto na segurança nacional e no poder naval do país.
A construção do submarino nuclear Almirante Álvaro Alberto, além de ser uma conquista tecnológica, representa um passo decisivo para que o Brasil se posicione de maneira mais assertiva no cenário internacional.
Apesar dos desafios orçamentários e técnicos, a Marinha do Brasil continua comprometida com o sucesso do programa.
O investimento em submarinos, especialmente os de propulsão nuclear, fortalece a defesa do Brasil, não apenas em termos de segurança, mas também em termos de projeção de poder no cenário internacional.
A continuidade do Prosub e a superação dos obstáculos financeiros serão fundamentais para o Brasil alcançar o status de potência naval de primeira linha.