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ONU confirma aumento de 360 mil km² no mar brasileiro e nova área representa oportunidade histórica para riquezas naturais, segurança energética e fortalecimento geopolítico do Brasil no Atlântico Sul

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 31/03/2025 às 18:42
ONU confirma aumento de 360 mil km² no mar brasileiro
Imagem gerada por inteligência artificial

Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece expansão do território marítimo brasileiro em 360 mil km² e Brasil ganha faixa equivalente ao tamanho da Alemanha.

A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que reconhece a expansão do território marítimo brasileiro em uma área de aproximadamente 360 mil quilômetros quadrados. A nova faixa marítima se estende da foz do Rio Oiapoque, no Amapá, até o litoral norte do estado do Rio Grande do Norte, abrangendo importantes bacias sedimentares da chamada Margem Equatorial.

Com esse reconhecimento, o Brasil passa a exercer soberania sobre uma área marítima equivalente ao território da Alemanha. A decisão da ONU representa um marco para o país, consolidando um processo técnico e diplomático que durou cerca de sete anos, conduzido por pesquisadores, militares e representantes do governo federal.

Ampliação da Plataforma Continental

A área reconhecida corresponde à ampliação da Plataforma Continental Brasileira, que anteriormente se limitava a 200 milhas náuticas a partir da costa. Com a nova delimitação, o país tem agora o direito de explorar os recursos naturais do leito do mar e de seu subsolo além desse limite, conforme previsto pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).

Essa porção ampliada integra a chamada Amazônia Azul — termo usado para designar as águas jurisdicionais brasileiras — e representa uma importante fronteira estratégica e econômica. A nova área inclui as bacias sedimentares da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.

Potencial econômico e estratégico

De acordo com o Vice-Almirante Marco Antônio Linhares Soares, Diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha, o Brasil poderá explorar recursos como petróleo, gás e nódulos polimetálicos na área reconhecida. Segundo ele, essa expansão do território marítimo brasileiro fortalece a posição do país na exploração de riquezas naturais e pode gerar oportunidades econômicas relevantes para o futuro.

Embora as áreas atualmente exploradas pela Petrobras estejam dentro das 200 milhas náuticas, a estatal pode vir a atuar em blocos que se estendam além dessa faixa, agora oficialmente sob soberania brasileira. A possibilidade de descobertas futuras reforça a importância estratégica do reconhecimento feito pela ONU.

Participação técnica e diplomática

O processo de reconhecimento contou com a atuação da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), responsável por coordenar o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC). Segundo o Contra-Almirante Ricardo Jaques Ferreira, Secretário da CIRM, o trabalho é resultado da cooperação entre marinheiros, pesquisadores e diplomatas, que atuaram de forma integrada para consolidar a soberania marítima do Brasil.

A submissão da Margem Equatorial foi apresentada em 2017 e aprovada durante a 63ª Sessão da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), realizada em fevereiro deste ano em Nova Iorque. A CLPC é o órgão técnico da ONU responsável por analisar os pedidos de extensão de plataformas continentais apresentados por países costeiros.

Divisão por áreas e próximos passos

O Brasil dividiu sua proposta em três áreas principais: Região Sul, Margem Equatorial e Margem Oriental-Meridional. A submissão da Região Sul foi aprovada integralmente em 2019, enquanto a análise da Margem Oriental-Meridional está em andamento.

A delegação brasileira que participou das negociações é composta por membros da Marinha, do Ministério das Relações Exteriores, da Petrobras e da comunidade científica. O reconhecimento da ONU é mais um passo no fortalecimento da presença do país no Atlântico Sul e na valorização da Amazônia Azul como parte integrante do território nacional.

Inclusão no novo mapa do Brasil

Desde 2019, a área marítima brasileira — que compreende o Mar Territorial, a Zona Econômica Exclusiva e a extensão do território marítimo brasileiro além das 200 milhas — vem sendo incorporada ao mapa oficial do país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizou, em 2024, o mapa político do Brasil para incluir essa região.

De acordo com o Capitão de Mar e Guerra Rodrigo de Campos Carvalho, Subsecretário do LEPLAC, a inclusão da Amazônia Azul no mapa tem o objetivo de ampliar a percepção da população sobre a real dimensão do território nacional e a importância dos recursos marinhos.

Relevância para o futuro do Brasil

A expansão do território marítimo brasileiro, reconhecida pela ONU, contribui para o fortalecimento da soberania nacional e a proteção de uma área estratégica para o desenvolvimento econômico. Atualmente, cerca de 95% do petróleo nacional é extraído em águas brasileiras, e a maior parte do comércio exterior do país também ocorre por via marítima.

O reconhecimento internacional da ampliação da Plataforma Continental fortalece o papel do Brasil no cenário global e destaca a importância de políticas públicas voltadas à proteção, exploração sustentável e vigilância das riquezas presentes no território marítimo.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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