Medida proposta por Trump impõe até US$ 3 milhões por escala a navios fabricados na China, elevando fretes e provocando temor de inflação e rotas desviadas para Canadá e México.
Na tentativa de frear o avanço chinês na construção naval e fortalecer a indústria dos EUA, o ex-presidente Donald Trump propôs, durante sua campanha, uma tarifa inédita sobre navios construídos na China que atracam em portos americanos. A proposta causou forte reação em empresas do setor e já afeta operações logísticas no mundo todo.
A nova política tarifária, segundo divulgado pelo portal InfoMoney em 25 de março de 2025, prevê cobranças entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões por escala de embarcações chinesas, medida que já está sendo classificada por analistas e empresários como um “apocalipse comercial em potencial”.
Tarifas miram dependência da China na construção de navios
A justificativa da medida está no fato de que, atualmente, 80% da frota global de navios porta-contêineres foi construída na China, de acordo com dados da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Entre os alvos estão embarcações operadas por armadores globais, mesmo que não sejam chineses, mas que utilizam navios fabricados no país asiático.
-
Marinha e UFRJ lideram revolução energética: Brasil aposta alto em energia nuclear no mar com reatores modulares que podem transformar plataformas offshore e submarinos
-
Porta-aviões dos EUA em risco: indústria naval entra em alerta e cobra ação urgente do Congresso
-
Brasil reforça poder naval: Marinha adquire navios de guerra britânicos!
-
LAAD 2025 começa no Riocentro com delegações internacionais, lançamentos tecnológicos e negócios bilionários: Maior feira de defesa e segurança da América Latina vai até 4 de abril
O objetivo declarado da equipe de Trump é forçar o setor logístico global a buscar alternativas fora da China, incentivando construções nos Estados Unidos, Coreia do Sul ou Japão. Entretanto, a aplicação imediata da tarifa já tem causado distorções no mercado.
Impactos no setor de logística e energia
José Severin, executivo do grupo Mercury Group, revelou à imprensa que um lote de 16 mil toneladas de tubos de aço, destinados a um projeto de energia na Louisiana, está retido em um porto da Alemanha. Segundo ele, “quase todas as embarcações disponíveis para essa rota foram construídas na China”, e com a nova tarifa, o custo de frete poderia dobrar ou triplicar, inviabilizando o contrato.
Empresas do setor já consideram desviar suas cargas para o Canadá e México, que não sofreriam a taxação, evitando portos americanos. Essa movimentação pode impactar especialmente portos menores dos EUA, que dependem da movimentação vinda de navios asiáticos para manter suas operações.
Reação internacional e críticas da indústria
A medida também foi duramente criticada por representantes da China, especialmente pela China State Shipbuilding Corp., a maior fabricante de navios do mundo, que classificou a proposta como uma violação direta às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em entrevista ao portal Bloomberg, analistas do setor afirmaram que as tarifas podem provocar interrupções nas cadeias globais de suprimentos, pressionar os preços de alimentos e bens industrializados e ampliar a inflação nos Estados Unidos — um cenário semelhante ao enfrentado durante a pandemia da Covid-19.