Além de enfrentar os atrasos por conta das ondas, neblinas ou tempestades, o setor portuário agora enfrenta a maior crise por conta da pandemia
O setor portuário sempre teve que lidar com atrasos causados por ondas, nevoeiros ou tempestades, mas agora com a pandemia, o setor enfrenta sua maior instabilidade desde que começou a usar contêineres, há 65 anos. Segundo dados em tempo real da empresa de logística Kuehne + Nagel, existem atualmente 353 navios porta-contêineres atracados fora dos portos em todo o mundo, sem espaço para atracar, o que é mais que o dobro do número do início do ano. Veja ainda esta notícia: ANTAQ destaca que desestatização do Porto de Santos pode gerar investimentos de até R$ 10 bilhões
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Diversos atrasos e o setor portuário precisa de investimentos
John Manners-Bell, executivo-chefe da firma de consultoria Transport Intelligence destaca que a pandemia da covid-19 colocou em evidência que o setor portuário precisa desesperadamente de investimentos. Ele ainda destaca que todo o sistema de infraestrutura dos portos ficou sobrecarregado nos últimos 12 meses.
O gargalo no setor portuário vem causando escassez de estoques e atrasos nas entregas, o que eleva preços e frustra os consumidores nos tempos de pandemia, em que a disparada das compras on-line aumentou a demanda pelas entregas rápidas, até o dia seguinte ao pedido. Durante a pandemia, as restrições fronteiriças, as exigências de distanciamento social e o fechamento de fábricas sacudiram as cadeias de produção tradicionais, levando as tarifas de frete às alturas nas principais rotas de navegação entre China, EUA e Europa.
Mesmo antes da pandemia, o setor portuário já se via pressionados a atualizar sua infraestrutura, por meio da automação das operações, da logística de redução nas emissões e da construção de instalações capazes de receber a nova geração de navios, cada vez maiores.
A crise pode continuar
As companhias de navegação esperam que a crise global no setor portuário por conta da pandemia continue. Isso está aumentando o custo de movimentação de cargas e pode aumentar a pressão sobre os preços ao consumidor. O presidente-executivo da Hapag-Lloyd, Rolf Habben Jansen, diz que atualmente, esperam que a situação do mercado só melhore no primeiro trimestre de 2022, no mínimo.
Grupos do setor portuário, como o dinamarquês AP Moller-Maersk, maior operador de embarcações e de linhas de transporte de contêineres do mundo, o suíço-italiano MSC, o alemão Hapag-Lloyd e o francês CMA CGM têm encontrado dificuldade para entregar as mercadorias a tempo, uma vez que seus navios têm precisado ficar parados no mar antes de atracar.
Os problemas foram exacerbados pelo uso dos navios novos, que foram assumindo tamanhos gigantescos ao longo das décadas, uma vez que seus donos almejam maiores economias de escala para reduzir o custo do transporte. Os maiores navios podem transportar até 20 mil contêineres de 20 pés (6,09 metros) por viagem, que se colocados em caminhões cobririam a distância entre Paris e Amsterdã em uma pista de autoestrada. Esses navios, contudo, exigem mudanças na infraestrutura, incluindo cais mais profundos e guindastes maiores.