O que faz um prático de navios? Entenda os riscos, como ser e o que diferencia este profissional
Quando estamos ou visitamos uma cidade ou lugar que não conhecemos sempre pedimos informações ou até mesmo pedimos a um motorista local para nos levarmos a um destino.
Os motoristas locais podem ajudar não só em levá-lo aos destinos mais também mostrar a você o que o lugar tem de melhor, como praias, montanhas e também os destinos locais mais procurados por turistas. Pode parecer de início que os guias turísticos e os motoristas não possuem nenhuma relação com a condução de navios, portanto, a ideia que nos leva a optar pelos serviços especializados nas regiões se aplica a lógica do que os Práticos de Navios fazem, esses profissionais são indispensáveis e têm um papel super importante não somente na navegação mas também na economia e segurança das regiões costeiras ao redor de todo o mundo.
Os Práticos de Navios chamados também de Prático de Porto possuem uma média de remuneração de R$50 mil reais a R$300 mil reais. Esses profissionais vêm sendo cada vez mais requisitados para atracação em todo o país.
Quer saber mais sobre essa profissão tão importante? Continue conosco até o fim deste artigo e confira!
Prático de navios, o que é?
Chamado também de Prático de Porto ou somente “Prático”, esse profissional possui grande importância não somente na navegação mas também na economia de um país. Esse profissional trabalha de forma direta com as tripulações das embarcações nas Zonas de Praticagem (ZPs), ou seja, regiões próximas dos portos onde as manobras de atracação e desatracação ocorrem.
Esse profissional precisa ser formado pela Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante e não existe um curso superior específico para se especializar na profissão de Prático, o acesso à profissão é feita através de um processo seletivo.
O processo seletivo não é feito para prático mas sim para praticante de prático, sendo assim você tem 12 meses de estágio e no máximo 15 meses para se formar na profissão. No fim do processo o candidato deverá realizar uma prova de manobra de um navio, se tiver aprovação, o candidato receberá a habilitação para exercer a profissão.
Os Práticos podem ser considerados como os “guias” ou conhecedores do local, regras e condições naturais e riscos de cada região portuária. Esse profissional é convocado sempre que cargas e também passageiros precisam transitar nas chegadas e partidas. No cotidiano da profissão, o Prático é responsável por orientar as manobras e chefia junto ao Comandante do Navio, portanto, o Prático de Navios coordena também a atuação das tripulações dos rebocadores e também as lanchas de apoio e orienta também as equipes responsáveis pela amarração do navio ao cais.
Em muitos países desenvolvidos a Praticagem opera sem qualquer vínculo com empresas de transporte, ou seja, essa profissão está a salvo de interesses econômicos, esse é o caso de países como Estados Unidos, Alemanha e também Canadá. Esse modelo também é adotado no Brasil onde além da importância econômica que essa profissão tem, os Práticos executam também um papel de defesa do meio ambiente das regiões de costa e também em rios navegáveis mantendo essas águas livres de poluição.
Praticagem no Brasil – História
Há pelo menos 4.000 anos os Práticos são encarregados das manobras das embarcações em zonas portuárias. No Brasil a praticagem começou em 1808 com a implantação do Serviço de Praticagem organizado no território nacional por meio do Regimento para os Pilotos Práticos da Barra do Porto da Cidade do Rio de Janeiro, o documento assinado pelo Visconde de Anadia, na época Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos e rubricado pelo Príncipe Regente D. João VI.
Esse documento de grande importância definiu a vinculação dos Serviços de Praticagem e a livre circulação das mercadorias por meio da Segurança da Navegação em águas restritas. Esse Regimento foi necessário devido a Abertura dos Portos que foi outorgada pela Carta Régia de 28 de Janeiro de 1808. Essa carta reconhecia a demanda dos Pilotos Práticos capazes e com conhecimento suficiente para merecer a confiança dos comandantes ou mestres das embarcações que saírem e entrarem no Porto.
A história da praticagem no Brasil vem se expandindo cada vez mais e com o passar do tempo sofreu diversas mudanças. A última mudança significativa foi no ano de 2000 quando foi implementada a NORMAM 12 que tem como objetivo estabelecer diretrizes para o serviço de praticagem nas águas brasileiras.
Prático de Navios, por que essa profissão é tão importante?
Os Práticos de navios por mais que um Comandante seja experiente, ele é especializado somente na condução da embarcação em mar aberto, longe de obstáculos e não dentro das regras e também das particularidades geográficas de cada porto. Portanto, o Prático diferente do Comandante possui habilidade e conhecimentos para realizar manobras com segurança dentro dos portos, esse profissional possui conhecimentos da direção dos ventos, correntes, marés e também as características meteorológicas e relevo submarino de cada região.
Cada prático deverá ser treinado e também contratado em uma Zona específica, por isso a formação do Prático inclui uma combinação de fatores e conhecimentos técnicos sobre a manobra das embarcações e também conhecimentos sobre os elementos naturais e costumes locais.
Organização Profissional
O profissional Prático de Navios é reunido em associações de praticagem que pertencem às entidades privadas. Os profissionais são responsáveis por manter a estrutura de apoio do Porto que é composta por lanchas, estaleiro de manutenção, centro de controle de operações, equipamentos com tecnologia de ponta para comunicação e também faz o monitoramento do tráfego.
O Prático pode também atuar de forma individual, portanto, é uma prática menos frequente no Brasil, já que as associações oferecem muito mais praticidade.
Apesar de terem grandes conhecimentos e responsabilidades nas Zonas de Praticagem, esses profissionais não estabelecem as regras e normas de segurança das Zonas Portuárias. A praticagem é uma profissão regulamentada pela Autoridade Marítima exercida pela Marinha por meio da Diretoria de Portos e Costas (DPC).
Regras fundamentais do Serviço de Praticagem
Entre as principais regras fundamentais temos a regra que estabelece um número de Práticos para cada Porto. Essa quantidade de profissionais respeita um limite mínimo para que haja a disponibilidade de profissionais mesmo em momentos de alta demanda e um limite máximo. O limite máximo assegura que os profissionais habilitados possuam uma oportunidade de trabalhar sem um longo período de inatividade e sem prejuízo do nível exigido para realizar as manobras. Afinal, a condução de grandes embarcações requer uma prática frequente.
A Diretoria de Portos e Costas (DPC) é responsável por decidir a abertura dos processos seletivos para os novos Práticos, essa abertura é aguardada de forma ansiosa pelos candidatos a essas vagas em todo o Brasil. Essa oportunidade é aguardada por jovens recém formados em cursos superiores ou até mesmo para profissionais de diferentes áreas interessados na estabilidade financeira e benefícios que essa carreira pode oferecer.
Requisitos necessários do Concurso
Homens e mulheres de todas as idades acima de 18 anos podem se candidatar. Não é necessária experiência prévia ou formação em navegação para se tornar um Prático de Navios. As exigências são apenas que a pessoa possua um diploma de curso superior completo e reconhecido pelo MEC em qualquer área e pertença ao Grupo de Amadores com no mínimo na categoria de Mestre-Amador (Certificado obtido por meio de prova), ou seja aquaviário da seção do convés ou máquinas de nível igual ou superior a 4. Os requisitos de forma completa podem ser vistos com clareza na NORMAM 12.
Os requisitos para participar do processo seletivo são:
- Ser brasileiro (ambos os sexos) com idade mínima de 18 anos completados até a data estabelecida no Edital;
- Possuir curso de nível superior completo e reconhecido pelo MEC e concluído até a data estabelecida no Edital;
- Ser aquaviário da seção de convés ou máquinas de nível igual ou superior a 4, Prático ou Praticante de Prático até a data estabelecida no Edital ou pertencer ao Grupo de Amadores no mínimo categoria de Mestre-Amador até a data de encerramento das inscrições, inclusive conforme a correspondência com as categorias profissionais estabelecida nas “Normas da Autoridade Marítima para Amadores, Embarcações de Esporte e ou Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas Náuticas
- Não ser militar reformado por incapacidade definitiva ou civil aposentado por invalidez;
- Estar em dia com obrigações militares para candidatos do sexo masculino
- Estar quite com obrigações eleitorais
- Possuir CPF
- Possuir documento oficial de identificação válido e com foto
- Efetuar o pagamento da taxa de inscrição
- Cumprir com as normas e instruções estabelecidas para o Processo Seletivo,
A Marinha de forma periódica organiza o Processo Seletivo para Praticante de Prático (PSPP) e esse processo é dividido em quatro etapas, a primeira delas é uma prova escrita. O processo seletivo é uma porta de entrada para ser Praticante e também para cumprir um programa de qualificação que possui 15 a 18 meses de duração. O praticante cumpre o programa na Zona de Praticagem que foi designado ao final do PSPP de acordo com as preferências pessoais e pontuação alcançada pelo candidato.
O acesso a essa profissão atualmente no Brasil é algo claro e democrático que motiva pessoas de todas idades, sexo, regiões a estudarem não somente para obter a aprovação quanto também para assegurar uma posição na Zona de Praticagem de sua preferência.
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