Uma grande discussão acerca da participação das gigantes no ramo da movimentação de cargas, Maersk e MSC, aconteceu entre os representantes do Porto de Santos após a liberação de um terminal de contêineres para o leilão
O leilão de um dos terminais de contêineres no Porto de Santos tem causado bastante discussões. Isso acontece pois, grande parte dos representantes do setor estão criticando a possibilidade da participação das gigantes Maersk e MSC, que até essa quarta-feira, (16/03), já possuem uma grande participação quanto a movimentação de cargas, no arrendamento dessa estrutura.
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Participação da Maersk e MSC no leilão para a venda de um dos terminais de contêineres do Porto de Santos tem causado discussões no setor portuário
Esta última semana foi marcada por mais um passo dado pelo Porto de Santos em relação aos processos de arrendamento das suas estruturas. Assim, o porto irá realizar um leilão para a venda de um dos seus terminais de contêineres, próprio para os processos de exportação de importação envolvendo navios de médio e grande porte, o que o torna cada vez mais atrativo para as companhias nacionais e internacionais que atuam no ramo portuário.
Assim, a possibilidade da participação das empresas Maersk e MSC, as duas maiores companhias de transporte marítimo no mundo e as responsáveis por grande parte dos navios que fazem as importações e exportações entre os países, vêm causando uma séria discussão no processo. Isso acontece pois os representantes do setor que estão contrários à entrada das empresas no processo afirmam que elas já possuem uma presença muito marcante na movimentação de cargas e a sua participação impediria que outras companhias tivessem a possibilidade de expansão nesse mercado.
Caso a Maersk e a MSC participem do leilão, a probabilidade do arrendamento partir para uma das empresas é bastante alta e, com isso, haverá um risco de concentração de mercado excessiva por parte desses grupos, centralizando a movimentação de cargas internacional na mão de duas companhias que já possuem um mercado firmado e não necessitam de mais essa aquisição. Assim, os representantes do setor afirmam que as empresas devem ficar de fora do leilão e abrir espaço para companhias menores ascenderem no segmento.
Empresas que operam contêineres no Brasil temem uma concentração no direcionamento de cargas para os portos controlados pela Maersk e MSC
A presença das empresas Maersk e MSC no setor de portos brasileiro já é bastante alta e ambas as companhias controlam um terminal de contêineres em Santos, o Brasil Terminal Portuário (BTP), e também possuem outros terminais pelo país. Com isso, o receio de muitas empresas que realizam operações com essas cargas no mercado nacional é que as empresas direcionem a movimentação de cargas apenas para os terminais controlados por ela, gerando assim uma concentração e centralização nesses processos.
Dessa forma, Angelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), reafirma a sua preocupação quanto ao arrendamento do terminal de contêineres no Porto de Santos e destaca que “As empresas de navegação escolhem onde vão estacionar os navios e remuneram os terminais por isso. Obviamente, ele vai preferir parar no seu próprio terminal. Hoje, a BTP tem uma capacidade limitada, por isso, os armadores são obrigados a usar outros terminais independentes. Mas, se tiverem mais espaço, certamente darão preferência a sua própria estrutura”.
Após isso, o governo realizou a inclusão no edital do terminal de contêineres STS10 a proibição de que Maersk e MSC participem juntas (tal como na BTP) no leilão. Apesar disso, elas podem recorrer separadamente para que participem do leilão do Porto de Santos de forma individual, ainda assim apresentando riscos para o setor portuário nacional.