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Um navio de aço partido em dois por tempestade em 1892 foi finalmente encontrado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 13/03/2025 às 09:45
aço, navio
Foto: Reprodução

O fundo do mar guarda segredos de embarcações desaparecidas há séculos, revelando histórias de tragédias e desafios enfrentados no passado. Agora, pesquisadores finalmente localizaram um navio de aço que naufragou em 1892 após ser partido ao meio por uma violenta tempestade, encerrando um mistério de mais de 130 anos.

O Lago Superior fica na América do Norte, na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, conhecido por suas condições imprevisíveis, guarda centenas de naufrágios em suas águas profundas.

Um deles é o do Western Reserve, um moderno navio a vapor de 91 metros, considerado avançado para sua época. Em uma noite de verão de 1892, a embarcação foi atingida por uma forte tempestade. Pouco depois das 21h, seu casco de aço se partiu ao meio.

A bordo estavam 27 pessoas, incluindo o dono do navio, Peter G. Minch, um magnata da navegação de Cleveland, que viajava com a família rumo a Two Harbors, Minnesota.

Os passageiros e a tripulação tiveram poucos minutos para escapar em dois botes salva-vidas. Um deles virou, deixando sobreviventes à deriva.

No único bote que restou, 19 pessoas resistiram por 10 horas na água fria, mas o bote afundou ao amanhecer, próximo a um posto de resgate na costa.

Apenas um homem sobreviveu. Harry Stewart, que trabalhava como timoneiro, conseguiu nadar por duas horas até a terra firme.

Descoberta do naufrágio

Agora, 133 anos depois, pesquisadores da Great Lakes Shipwreck Historical Society localizaram os destroços do Western Reserve.

O achado foi feito a cerca de 97 km a noroeste de Whitefish Point, Michigan. A equipe utilizou tecnologia de sonar para mapear o fundo do lago e, com um veículo operado remotamente, confirmou que a embarcação está partida em duas partes.

“Foi uma ruptura quase perfeita ao meio. O modo como afundou fez com que a proa caísse sobre a popa, o que não é comum em naufrágios”, disse Corey Adkins, porta-voz do grupo.

As imagens captadas mostraram objetos preservados, como um sino, uma luz de navegação, parte do convés e um mastro quebrado. “São detalhes impressionantes. Ninguém via isso há mais de um século”, completou Adkins.

A tragédia em detalhes

No momento do desastre, os tripulantes tentavam lançar os botes salva-vidas, mas a família do dono do navio estava na proa, separada do restante da tripulação.

Para escapar, alguns passageiros precisaram saltar sobre a rachadura que se abria no casco. “Imaginem a cena. Pular sobre uma fenda enquanto o navio se parte ao meio. Deve ter sido aterrorizante”, comentou Adkins.

Entre as vítimas confirmadas estavam Peter G. Minch, sua esposa e seus dois filhos pequenos, Charlie e Florence. O naufrágio marcou a história da navegação nos Grandes Lagos, sendo um dos mais impactantes da época.

As causas do naufrágio

A razão exata para o naufrágio do Western Reserve ainda gera debates. O navio foi construído em 1890, em Cleveland, sendo o maior transportador de cargas dos Grandes Lagos e o primeiro feito de aço no formato clássico da região.

Seu casco foi produzido pelo processo Bessemer, que possibilitava fabricar grandes quantidades de aço de forma rápida e barata. No entanto, não se compreendia bem, na época, que o material poderia ser frágil em temperaturas muito baixas.

Uma das hipóteses levantadas pela Wisconsin Marine Historical Society é que o navio tenha se partido devido ao fenômeno conhecido como “hogging”.

Isso ocorre quando uma grande onda ergue o centro da embarcação, deixando as extremidades suspensas. Esse movimento pode criar pressões extremas e levar ao colapso da estrutura. “O aço do navio pode ter sido vulnerável a esse tipo de tensão”, escreveu James Heinz, diretor de aquisições da sociedade.

Outra possibilidade é que o Western Reserve estivesse com pouca carga de lastro, afetando seu equilíbrio. “Há teorias de que ele não estava bem balanceado, mas ainda não temos provas definitivas sobre o que realmente aconteceu”, disse Adkins. “Quem sabe?

Com a chegada da primavera e o derretimento do gelo no Lago Superior, os pesquisadores planejam retornar ao local do naufrágio para buscar mais evidências.

A expectativa é que novas investigações ajudem a esclarecer as dúvidas sobre as causas do desastre e tragam à tona mais detalhes sobre a história do Western Reserve.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista com mais de uma década de experiência, especializado na cobertura de temas estratégicos como indústria naval, tecnologia, economia, geopolítica, setor automotivo, energia renovável e política. Desde 2015, atuo em grandes portais de notícias, com destaque especial para reportagens e análises sobre o setor naval, acompanhando de perto as tendências, desafios e inovações da indústria marítima nacional e internacional.

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