A indústria do petróleo e gás ainda usufrui muito pouco das tecnologias para as operações e conta com uma baixa digitalização em relação aos outros setores do mercado nacional
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) realizou uma pesquisa sobre a digitalização dentro da indústria do petróleo e gás e, durante esta última quinta-feira, (17/02), comentou sobre a escassez dessa utilização no segmento. O órgão destaca a necessidade de mais utilização das tecnologias operacionais e um maior investimento na digitalização das operações entre fornecedores e empresas, para tornar esse uso mais eficiente.
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A indústria do petróleo e gás no Brasil, apesar de ser uma das mais expressivas em termo de produção e lucratividade, ainda se encontra estagnada em relação à digitalização e às transformações dessa nova era. As empresas e os fornecedores dentro desse segmento ainda limitam a utilização das tecnologias para usos informacionais e superficiais e acabam não conseguindo utilizar o grande potencial de certas ferramentas para o uso dentro das operações, por exemplo.
Assim, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPetro) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), entrevistaram profissionais em 42 empresas do setor de petróleo e gás em todo o país, buscando novos dados sobre essa digitalização no segmento. Os resultados mostraram que 98% dos entrevistados consideraram que ferramentas digitais têm capacidade de gerar impacto positivo nas operações, mas que 40% disseram que a digitalização muitas vezes resultou em aumento de trabalho e gerou pouco benefício, gerando um grande impasse na utilização dessas tecnologias dentro do setor.
Além disso, somente 3% das empresas participantes da pesquisa do IBP se consideram uma companhia totalmente digitalizada e que utiliza as tecnologias no dia a dia. Enquanto isso, 34% das companhias ainda destacam que a digitalização das suas operações começou recentemente e que ainda há bastante caminho a percorrer para transformá-las em verdadeiras empresas digitais e modernas. A baixa colaboração entre as empresas e os fornecedores ainda é um grande impasse para o desenvolvimento dessas tecnologias no setor de petróleo e gás.
Indústria do petróleo e gás ainda é bastante conservadora em relação ao uso das tecnologias operacionais para as atividades
Ao passo em que o setor do petróleo e gás é um dos que mais desenvolvem parcerias e empreendimentos no mercado nacional, a digitalização das operações entre fornecedores e empresas ainda se encontra bastante escassa. Além disso, as empresas dentro desse setor são, muitas vezes, bastante antigas, o que leva a um conservadorismo maior em relação à digitalização das atividades e das operações realizadas no segmento.
Com isso, o sócio e líder da área de projetos e transformação de ativos de óleo e gás da Deloitte, Eduardo Raffaini, comentou sobre esse conservadorismo e destacou que “O setor é tradicionalmente mais conservador, pois tem uma relação central com a questão de segurança, já que lida com combustíveis, materiais explosivos, pressões e temperaturas altas, ambientes inóspitos. As petroleiras começaram a digitalização em áreas como inteligência de negócios, recursos humanos e finanças, porque não há riscos e os ganhos são muito rápidos. É uma transformação cultural. Essa indústria trabalha com dados críticos. Ter o conhecimento sobre bacias e reservas, saber onde está o petróleo, é o grande ativo”.
No entanto, o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) destaca que está buscando cada vez mais soluções que utilizem tecnologias mais avançadas e pretende levar essa discussão adiante dentro do segmento com as empresas e os fornecedores de petróleo e gás no mercado brasileiro.