1. Início
  2. / Indústria Naval
  3. / O lançamento do primeiro navio movido a amônia, prometendo um transporte marítimo com zero emissões de carbono, foi adiado até pelo menos 2026 devido a desafios técnicos e regulatórios
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

O lançamento do primeiro navio movido a amônia, prometendo um transporte marítimo com zero emissões de carbono, foi adiado até pelo menos 2026 devido a desafios técnicos e regulatórios

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 11/03/2025 às 18:18
Viking Energy da Eidesvik . Christoffer Björklund/Wärtsilä

Desenvolvimento do primeiro navio a amônia sofre atraso, adiando perspectivas de uma alternativa sustentável para o transporte marítimo global até 2026

O navio Viking Energy, que seria o primeiro do mundo a operar integralmente com amônia como combustível, teve seu cronograma alterado.

Antes previsto para iniciar suas operações já em 2024, agora o navio só estará pronto em 2026.

O atraso destaca os desafios técnicos de utilizar a amônia para abastecer navios e reduzir emissões no setor marítimo.

Problemas técnicos atrasam projeto pioneiro

O Viking Energy é uma embarcação de abastecimento usada em plataformas de petróleo. Atualmente, passa por uma modernização inédita para funcionar exclusivamente com amônia.

O combustível é visto como alternativa promissora ao petróleo, porque não gera dióxido de carbono (CO₂), principal gás ligado ao aquecimento global.

Contudo, especialistas apontam que o uso da amônia traz desafios significativos. De acordo com o professor John Prousalidis, da Universidade Técnica Nacional de Atenas, a amônia é tóxica, explosiva e corrosiva.

Por isso, a infraestrutura exigida para armazená-la e transportá-la com segurança é complexa e cara.

São necessários tanques especiais, tubulações resistentes e veículos adaptados para evitar vazamentos e acidentes.

Prousalidis ressalta ainda uma preocupação ambiental importante: a queima da amônia em motores convencionais libera óxidos de nitrogênio, gases perigosos para a saúde humana.

Alternativas para resolver problemas ambientais

Para não simplesmente substituir um poluente por outro, engenheiros buscam soluções para reduzir essas emissões perigosas.

Uma das tecnologias em análise é a célula de combustível movida a amônia. Ao contrário da combustão tradicional, essa tecnologia produz eletricidade sem liberar gases tóxicos na atmosfera, mantendo o nitrogênio da amônia inerte.

Além disso, empresas envolvidas na reforma do Viking Energy planejam sistemas para neutralizar gases nocivos em motores convencionais.

Uma das técnicas, chamada redução catalítica seletiva, pode transformar óxidos de nitrogênio em substâncias inofensivas, como nitrogênio puro e água.

Infraestrutura de abastecimento gera impasse

Outro grande desafio para a adoção da amônia como combustível é a falta de infraestrutura de abastecimento nos portos.

É um problema conhecido na indústria naval como o dilema do “ovo ou galinha”: empresas não querem construir navios sem oferta garantida de combustível, enquanto fornecedores não investem em infraestrutura por falta de demanda.

Segundo Prousalidis, os próprios portos poderiam se tornar centros de produção e distribuição de combustíveis alternativos.

Dessa forma, poderiam ajudar a romper esse impasse, ao mesmo tempo em que lucrariam com a venda direta para navios movidos a amônia e outras tecnologias limpas.

Histórico mostra necessidade de paciência

Apesar dos obstáculos atuais, Prousalidis acredita que a amônia será adotada gradualmente, semelhante ao que ocorreu anteriormente com o gás natural.

Ele relembra que grandes mudanças energéticas levam tempo, frequentemente até duas décadas, para se consolidarem.

Enquanto isso, outras iniciativas avançam. Empresas como a Hanwha Ocean, da Coreia do Sul, e a americana Baker Hughes anunciaram planos de turbinas a gás 100% compatíveis com amônia até 2027.

O futuro da navegação com amônia pode atrasar, mas as iniciativas para viabilizá-lo seguem em frente.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista com mais de uma década de experiência, especializado na cobertura de temas estratégicos como indústria naval, tecnologia, economia, geopolítica, setor automotivo, energia renovável e política. Desde 2015, atuo em grandes portais de notícias, com destaque especial para reportagens e análises sobre o setor naval, acompanhando de perto as tendências, desafios e inovações da indústria marítima nacional e internacional.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x