Quando a pandemia do COVID-19 se iniciou, diversos estaleiros lutaram para manter as suas atividades devido a uma série de restrições, entretanto, com o novo cenário atual pós-pandemia, a Indústria Naval Global inaugurou uma era encorajadora e com uma série de novos pedidos.
Em 2020, quando o ápice da pandemia ocorreu, os pedidos de navios porta-contêineres caíram para o menor número em uma década, sem contar que os pedidos de granéis sólidos e navios-tanque sofreram quedas semelhantes, ou até maiores.
Posteriormente, em 2021, quando a situação estava mais controlada, o número de pedidos começou a aumentar, o que se estabilizou em 2022. Para 2023, diversos analistas apontam que o setor de transportes e a Indústria Naval Global verá novamente altos níveis de pedidos em todos os setores. O resultado? Invés da escassez de pedidos, a alta demanda por ser o problema para o setor.
Dessa forma, a demanda por novas construções é tanta que muitos estaleiros estão encontrando cada vez mais dificuldades para receber novos pedidos. Por isso, em uma situação não esperada, onde a carteira de encomendas prevista para 2023 está cada vez maior, surge o questionamento: de onde virá o capital para financiar todas essas novas construções?
Indústria Naval Global pode ser impactada negativamente com o novo cenário?
Para responder esse questionamento, é necessário que o setor pense em soluções criativas de financiamento, além da diversificação das fontes de financiamento, para garantir estabilidade. No início deste ano, foi anunciado que um armador garantiu o financiamento para suas dezenas de novas construções por meio de várias estruturas de financiamento, e isso pode ser um exemplo a ser seguido.
As estruturas de financiamento incluem um conjunto de empréstimos garantidos por agências de crédito à exportação, acordos de venda e relocação, além de empréstimos bancários de sindicatos e capital próprio. Dessa forma, foi possível verificar que outros armadores recorrem exclusivamente ao financiamento de venda e relocação para cobrir totalmente os seus grandes problemas de construção. Apesar disso, alguns deles continuam a depender do financiamento tradicional de ações e dívidas, o que pode não ser viável nesse novo cenário.
Entretanto, é necessário pensar que, apesar deste aumento de encomendas, os armadores continuam a procurar e encontrar diversas fontes diversas e alternativas de financiamento de navios.
Como as taxas de fretamento podem impactar a Indústria Naval Global?
No último ano, as taxas de fretamento atingiram recordes, impulsionadas pelo crescimento da demanda por capacidade após o “boom” pós pandemia. Sendo assim, a falta de navios deu aos armadores a vantagem nas negociações de afretamento, o que lhes permitiu alcançar taxas mais altas e períodos de aluguéis mais longos.
Consequentemente, podemos dizer que esse aumento de pedidos de novas construções pode aliviar as preocupações dos transportadores em relação ao aumento meteórico das taxas de freamento. Porém, longos prazos de entrega para pedidos de novas construções provavelmente farão com que essa capacidade adicional não seja sentida por algum tempo.
Sendo assim, resta saber se as taxas de afretamento se estabilizaram nos níveis pré-pandêmicos, uma vez que as novas construções foram lançadas em operação. Entretanto, é necessário certo grau de cautela deve ser exercido pelos proprietários caso haja aumento nos pedidos de novas construções, pois isso representa um excesso de oferta de navios.
Dessa forma, um aumento na capacidade significa a diminuição nas taxas de fretamento, o que pode afetar a capacidade dos proprietários de pagar suas pregações de financiamento e, consequentemente, é necessário ter cuidado ao negociar contratos de trabalho.
Por fim, é comum que as proteções adequadas sejam implementadas para garantir o pagamento oportuno de empréstimos e juros, porém, as preocupações em torno disso provavelmente serão exacerbadas pelo medo de uma queda no potencial de ganhos na indústria naval global.