Caso expõe rigor nos controles portuários e pode impactar futuras negociações de importação entre Índia e Rússia
Um navio-tanque carregado com petróleo russo foi impedido de atracar na Índia nesta quinta-feira (27), segundo fontes familiarizadas com o caso.
A embarcação, chamada Andaman Skies, tem bandeira da Tanzânia e transportava cerca de 800 mil barris de petróleo da Rússia. O motivo da recusa foi a documentação considerada inadequada pelas autoridades portuárias indianas.
Petróleo russo sob vigilância
A Índia é atualmente o maior comprador de petróleo russo transportado por navios. Em 2024, o petróleo vindo da Rússia representou cerca de 35% de todas as importações do país, que é o terceiro maior consumidor mundial da commodity.
-
Navalshore 2025 bate recordes e promete revolucionar o setor naval brasileiro
-
Marinha e UFRJ lideram revolução energética: Brasil aposta alto em energia nuclear no mar com reatores modulares que podem transformar plataformas offshore e submarinos
-
Brasil encurta o oceano: nova rota direta com a China reduz pela metade o tempo de transporte e muda o jogo do comércio global brasileiro!
-
Gigante dos mares de 6,5 bilhões: Norwegian Aqua redefine o conceito de cruzeiro de luxo com montanha-russa aquática e experiências incríveis!
A movimentação do Andaman Skies estava registrada como destino o porto de Vadinar, onde faria a entrega para a estatal Indian Oil Corp. No entanto, antes de concluir a operação, o navio foi rejeitado.
O caso chama atenção por ser raro. Fontes afirmam que a Índia está aumentando a fiscalização de embarcações que transportam petróleo russo, principalmente após novas sanções impostas pelos Estados Unidos em janeiro.
Problemas com certificação
Construído em 2004, o Andaman Skies já havia visitado a Índia anteriormente, inclusive em dezembro. Mas, segundo as regras indianas, navios com mais de 20 anos precisam de um certificado especial de navegabilidade emitido por uma entidade reconhecida internacionalmente ou aprovada pela administração marítima indiana.
No caso, a certificação apresentada veio da Dakar Class, baseada na Índia, mas que não é reconhecida oficialmente pelas autoridades do país. Isso motivou a recusa do navio, conforme explicaram as fontes, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar com a imprensa.
O navio também possui seguro de responsabilidade da empresa russa Soglasie. Nem a Soglasie nem a Lukoil, vendedora do petróleo, responderam aos pedidos de comentário feitos pela agência Reuters. O mesmo vale para a Indian Oil e os responsáveis pelo porto de Vadinar.
Impacto das sanções
Desde as sanções aplicadas pelos EUA no início do ano, a oferta de navios e companhias dispostas a lidar com petróleo russo vem diminuindo. Mais de 100 embarcações foram afetadas pelas restrições, o que dificulta ainda mais o transporte do óleo russo.
O secretário de Petróleo da Índia declarou recentemente que o país só comprará petróleo russo vindo de navios e empresas que não estejam sob sanção americana. Isso limita ainda mais as opções disponíveis no mercado.
Apesar de o Andaman Skies estar sob sanções do Reino Unido e da União Europeia, ele não é alvo de sanções dos Estados Unidos ou das Nações Unidas. A Índia segue apenas as determinações da ONU.
O proprietário da embarcação, Durbeen Navigation Ltd, não foi localizado para comentar o caso.