A Marinha dos EUA ainda é considerada a mais poderosa do mundo quando se trata de poder de fogo e tonelagem, mas a China está superando o seu número de navios; Estados Unidos têm 296 navios em sua frota, enquanto a da China está a caminho de ultrapassar 400 navios ainda este ano.
A Marinha dos EUA ainda é considerada a mais poderosa do mundo em termos de poder de fogo e tonelagem, mas enfrenta um desafio: a China está superando os Estados Unidos em número de navios. Atualmente, os EUA possuem 296 embarcações em sua frota, enquanto a China está prestes a ultrapassar a marca de 400 navios ainda este ano. Esse descompasso levanta preocupações sobre a capacidade americana de manter sua superioridade naval em meio à crescente competição estratégica.
Construção naval em crise nos EUA
Apesar da intenção de aumentar sua frota, a Marinha dos EUA tem enfrentado dificuldades na construção e manutenção de seus navios. Nos últimos anos, a taxa de construção tem sido inferior à de desativação de embarcações. O orçamento de 2024 financiou somente seis novos navios, enquanto 15 foram descomissionados, resultando em uma perda líquida de nove. Para 2025, está prevista a construção de mais seis embarcações, mas 19 serão retiradas de serviço, ampliando o déficit para 13.
A situação preocupa a indústria de construção naval, que opera com capacidade reduzida. Empresas como a britânica BAE Systems, a norte-americana Huntington Ingalls Industries (HII) e a Fairbanks Morse Defense relatam dificuldades em garantir contratos com a Marinha.
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Brad Moyer, vice-presidente da BAE Systems Ship Repair, destaca que a empresa opera com apenas metade de sua capacidade. Em seu estaleiro em Norfolk, Virgínia, muitos espaços de atracação permanecem vazios, um reflexo da baixa demanda por novos navios e da redução no número de embarcações enviadas para manutenção.
Redução na cadeia de suprimentos naval
A incerteza na contratação de novos navios tem afetado também a cadeia de suprimentos. O CEO da Fairbanks Morse Defense, George Whittier, destaca que muitos fornecedores saíram do mercado, tornando mais difícil e custoso obter peças e componentes essenciais para a construção naval.
Atualmente, a empresa é a única fornecedora dos motores usados nos navios de guerra anfíbios dos EUA, o que representa um risco significativo para a manutenção da frota caso haja problemas na produção.
A escassez de contratos também levou a demissões em massa no setor. A BAE Systems dispensou cerca de 300 trabalhadores em 2023 devido à falta de demanda. Em Norfolk, o número de navios da Marinha disponíveis para reparos caiu de 44 para menos de 30 na última década, reduzindo drasticamente a força de trabalho especializada na região.
Congresso e financiamento da construção naval dos EUA
A instabilidade no orçamento é um fator que dificulta a retomada da construção naval. O Congresso dos EUA não aprova um orçamento dentro do prazo desde 2019, resultando na adoção de resoluções temporárias que impedem novos projetos. O senador Mark Kelly, membro do Comitê de Serviços Armados do Senado, admite que essa situação prejudica o planejamento de longo prazo da Marinha.
Para enfrentar essa crise, o Congresso aprovou a compra simultânea de quatro navios anfíbios da Huntington Ingalls Industries, uma medida que economizou US$ 900 milhões. No entanto, especialistas apontam que são necessárias soluções mais abrangentes para reverter o declínio da indústria.
Comparativo com a China
Enquanto os EUA enfrentam dificuldades na construção naval, a China avança rapidamente. O país asiático produz mais de 1.000 navios comerciais por ano, enquanto os Estados Unidos constroem apenas cinco. Um único estaleiro chinês supera toda a capacidade combinada dos estaleiros norte-americanos. Esse avanço coloca os EUA em uma posição vulnerável caso seja necessário transportar suprimentos e tropas em um eventual conflito.
O senador Mark Kelly apresentou o projeto “Ships for America Act”, que visa expandir a frota comercial dos EUA em 250 navios nos próximos 10 anos. O objetivo é fortalecer a indústria naval, aumentar a capacidade de transporte marítimo e garantir a disponibilidade de suprimentos também para a frota militar.