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Esses navios foram considerados vikings por gerações de especialistas — porém uma nova evidência arqueológica desvendou uma identidade surpreendente que altera nossa visão sobre o passado europeu

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 31/03/2025 às 16:02
Esses navios foram considerados vikings por gerações de especialistas — porém uma nova evidência arqueológica desvendou uma identidade surpreendente
Imagem gerada por inteligência artificial

Teoria derrubada! Navio Wreck 65, acreditado como viking por 150 anos, é confirmado como embarcação medieval do século XV.

Durante muito tempo, arqueólogos e historiadores acreditaram que um grupo de navios afundados ao sul de Estocolmo, na Suécia, fazia parte da era viking. Essa ideia persistiu por mais de 150 anos, com base em interpretações iniciais feitas ainda no século XIX. No entanto, uma nova análise científica revelou que os destroços não pertencem ao período viking e sim à Idade Média. A embarcação mais significativa entre os restos encontrados é chamada de Wreck 65. Diferente do que se pensava, ela não é um dos navios considerados vikings, mas sim um navio construído entre os anos de 1460 e 1480. Com isso, a teoria anterior foi totalmente revista.

Navio medieval traz nova luz à construção naval no norte da Europa

O Wreck 65 é uma embarcação de grandes dimensões, com aproximadamente 35 metros de comprimento por 10 metros de largura. O que chama a atenção é o seu estilo construtivo. Ao contrário do padrão usado nos navios considerados vikings, que utilizavam tábuas sobrepostas (método conhecido como clínquer), o Wreck 65 foi montado com as tábuas colocadas lado a lado, formando um casco liso — técnica chamada de carvela.

Essa técnica, que surgiu no sul da Europa, especialmente na região do Mediterrâneo, favorecia a construção de embarcações mais robustas e capazes de transportar grandes cargas, inclusive armamentos. O uso desse método na Escandinávia indica uma troca de conhecimento naval entre diferentes regiões europeias ainda na Idade Média.

Nova tecnologia permitiu identificar a verdadeira origem do navio

A identificação correta do período ao qual pertence o Wreck 65 só foi possível graças à aplicação de técnicas modernas de datação. Pesquisadores do Museu de Naufrágios de Vrak, na Suécia, em parceria com especialistas da Universidade de Lund, utilizaram métodos avançados para analisar a madeira usada na construção do navio. Com base nos padrões de crescimento dos anéis das árvores (dendrocronologia), foi possível concluir que a madeira veio do sul do país, e que o navio foi construído no século XV.

A estrutura foi mapeada com tecnologia 3D, utilizando fotogrametria. Com esse recurso, os arqueólogos conseguiram estudar os detalhes do navio sem retirá-lo do fundo do mar, preservando o local onde está submerso.

Equívoco histórico durou mais de 200 anos

Os navios considerados vikings encontrados na área de Landfjärden, ao sul da capital sueca, foram localizados há mais de dois séculos. Como naquela época ainda não havia métodos precisos de datação, os estudiosos basearam suas conclusões no formato das embarcações e em suposições sobre a região.

Somente em 2023 é que três dos maiores naufrágios da região foram estudados com ferramentas modernas, revelando que datam dos séculos XVII e XVIII. O Wreck 65, por sua vez, é o mais antigo do grupo, anterior ao uso de canhões e ainda sem traços da tecnologia moderna de propulsão, sendo uma peça importante para entender a transição da navegação medieval para a naval contemporânea.

Próximos passos dos pesquisadores

A equipe responsável pelo estudo pretende buscar apoio financeiro para realizar escavações mais aprofundadas no local. O objetivo é reunir mais informações sobre a embarcação e entender como a técnica de construção carvela foi introduzida na região nórdica. Com isso, será possível compreender melhor como os estaleiros do norte da Europa evoluíram e adotaram novas práticas ao longo dos séculos.

Segundo os arqueólogos envolvidos, essa é uma das descobertas mais relevantes dos últimos anos na arqueologia marítima sueca. A nova interpretação sobre o Wreck 65 reforça a importância de revisar teorias antigas à luz de novas tecnologias e abre caminho para futuras revelações sobre a história naval da região.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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