Porta-aviões representa o ápice da engenharia naval e fortalece a supremacia marítima dos EUA
Durante décadas, os Estados Unidos investem pesadamente em tecnologia militar naval. A presença norte-americana nos oceanos é garantida por uma frota de navios modernos, com destaque para seus porta-aviões nucleares.
O mais impressionante de todos é o USS Gerald R. Ford (CVN-78), o maior navio de guerra já construído no mundo.
Lançado ao mar em 2013 e comissionado oficialmente em 2017, esse colosso representa o que há de mais avançado em engenharia naval militar.
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Um gigante com nome presidencial
O USS Gerald R. Ford homenageia o 38º presidente dos Estados Unidos, Gerald Rudolph Ford Jr., que governou o país entre 1974 e 1977.
Ele foi escolhido não apenas pelo cargo que ocupou, mas também por sua ligação com a Marinha. Ford serviu como oficial durante a Segunda Guerra Mundial. Dar seu nome a esse porta-aviões foi uma forma de reconhecer seu papel tanto como presidente quanto como veterano.
Dimensões impressionantes
O Gerald R. Ford tem medidas que desafiam a imaginação. Seu deslocamento total ultrapassa as 100 mil toneladas. O comprimento chega a 337 metros — mais que três campos de futebol — e a largura no convés de voo é de cerca de 78 metros.
Essas dimensões permitem que ele transporte uma impressionante variedade de aeronaves e equipamentos. Ao todo, o navio pode operar até 75 aviões e helicópteros.
A propulsão é feita por dois reatores nucleares A1B, de nova geração, desenvolvidos especialmente para a classe Ford.
Com eles, o navio atinge velocidades superiores a 30 nós (cerca de 56 km/h). Além disso, sua autonomia é praticamente ilimitada: pode navegar por mais de 20 anos sem precisar reabastecer combustível nuclear.
Tripulação e capacidade operacional
Apesar do tamanho gigantesco, o USS Gerald R. Ford foi projetado para operar com uma tripulação menor que os porta-aviões da classe Nimitz.
São cerca de 2.600 tripulantes na parte do navio e mais 2.000 na ala aérea, totalizando aproximadamente 4.600 pessoas. Isso representa uma redução de até 600 militares em comparação aos navios anteriores, graças à automação e à modernização de sistemas.
Essa mudança visa diminuir custos operacionais e melhorar as condições de trabalho a bordo. O Ford inclui melhorias em alojamentos, espaços de lazer e facilidades de alimentação. Mesmo com essa redução de pessoal, a capacidade operacional é superior, com maior número de decolagens e pousos por dia.
Inovações tecnológicas
O USS Gerald R. Ford não é apenas maior, mas também mais avançado. Entre as principais inovações, destacam-se:
- EMALS (Electromagnetic Aircraft Launch System): um sistema de lançamento de aeronaves por trilho eletromagnético, substituindo os antigos catapultas a vapor. É mais leve, exige menos manutenção e proporciona decolagens mais suaves, reduzindo o desgaste das aeronaves.
- AAG (Advanced Arresting Gear): novo sistema de frenagem das aeronaves ao pousar. Mais confiável e seguro, consegue operar com aviões de diferentes tamanhos e pesos.
- Radar AN/SPY-3 e AN/SPY-4: radares multifuncionais de última geração que fornecem maior alcance, precisão e detecção simultânea de múltiplas ameaças.
- Sistemas automatizados de armas: incluindo canhões Phalanx CIWS, mísseis ESSM e lançadores de mísseis Sea Sparrow para defesa antiaérea e antimíssil.
Essas inovações tornam o Gerald R. Ford um navio preparado para os conflitos do século XXI, com maior letalidade, tempo de resposta e proteção.
Missões e papel estratégico
O USS Gerald R. Ford é uma peça-chave da estratégia naval dos Estados Unidos. Ele atua como base aérea flutuante, podendo ser enviado para qualquer ponto do planeta em pouco tempo. Sua presença serve como dissuasão em conflitos e crises. Pode ser usado em missões de combate, patrulhamento, resgate, evacuação e até ajuda humanitária.
O navio é o primeiro de uma nova classe de porta-aviões, a classe Ford, que substituirá progressivamente os da classe Nimitz. A expectativa é que essa nova geração se mantenha ativa por pelo menos 50 anos. Isso significa que, mesmo sendo lançado em 2017, o Ford estará operacional até meados do século XXI.
Custos e críticas
A construção do USS Gerald R. Ford custou mais de 13 bilhões de dólares, o que o torna o navio de guerra mais caro da história. O custo total do programa da classe Ford, que inclui outros três navios (CVN-79 John F. Kennedy, CVN-80 Enterprise e CVN-81 Doris Miller), ultrapassa os 40 bilhões de dólares.
Esse valor elevado gerou críticas, inclusive dentro do governo americano. Alguns setores questionaram o custo-benefício e os atrasos na entrega. O navio enfrentou problemas técnicos nos testes iniciais, como falhas no sistema de lançamento EMALS e no elevador de munições. No entanto, essas falhas foram sendo corrigidas ao longo do tempo.
Primeira missão internacional
Em 2023, o USS Gerald R. Ford foi enviado pela primeira vez a uma missão no exterior. O navio partiu da Base Naval de Norfolk, na Virgínia, e integrou uma força-tarefa no Mediterrâneo. Durante essa operação, participou de exercícios militares conjuntos com países da OTAN e monitorou atividades no leste europeu, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Essa missão demonstrou a prontidão operacional do porta-aviões e sua importância geopolítica. Sua presença no mar serviu como demonstração de força dos EUA e de apoio aos aliados europeus.
Comparações com outras potências
Embora outros países também tenham porta-aviões, nenhum se aproxima da escala e capacidade dos da classe Ford. A China, por exemplo, tem dois porta-aviões ativos (Liaoning e Shandong) e está construindo um terceiro, o Fujian. No entanto, nenhum deles é nuclear nem possui a tecnologia de lançamento eletromagnético.
A Rússia opera o Admiral Kuznetsov, navio com propulsão a óleo, que enfrenta sérios problemas de manutenção. Já o Reino Unido lançou recentemente os porta-aviões HMS Queen Elizabeth e HMS Prince of Wales, modernos, mas menores e com menos autonomia que o Ford.
Esse cenário confirma o domínio norte-americano no mar. Os EUA são o único país com capacidade de projetar poder aéreo em escala global a partir do mar, com múltiplos porta-aviões nucleares em operação.
Um símbolo de poder e dissuasão
O USS Gerald R. Ford é mais que um navio de guerra. É um símbolo de poder militar, influência global e domínio tecnológico. Sua presença em qualquer oceano sinaliza o comprometimento dos Estados Unidos com a segurança internacional e com a manutenção da ordem global sob seus interesses.
Além disso, representa o futuro da guerra naval, onde a combinação de tecnologia, mobilidade e autonomia será decisiva.
Os investimentos pesados no Ford mostram que, para os EUA, a superioridade marítima continua sendo prioridade estratégica.