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Transportadora marítima chinesa afirmou que, se as multas contra porta-contêineres forem aprovadas nos EUA, o impacto será tão severo que elas poderão deixar de operar no mercado americano

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/03/2025 às 00:31
porta-contêineres
Foto: Reprodução

As novas multas que estão sendo avaliadas nos Estados Unidos contra porta-contêineres chineses preocupam empresas do setor. Uma transportadora marítima declarou que, caso as sanções entrem em vigor, a operação no mercado americano se tornará inviável.

A Atlantic Container Line (ACL), empresa de transporte marítimo com sede nos Estados Unidos, declarou que poderá sair do mercado dos Estados Unidos se o governo americano avançar com multas contra navios construídos na China.

Empresa teme perder competitividade

A medida em discussão prevê cobranças pesadas para navios fabricados em estaleiros chineses. A proposta foi feita com base na Seção 301 da lei comercial dos EUA. Se aprovada, empresas como a ACL podem ter que pagar até US$ 1,5 milhão por escala em portos americanos.

Andrew Abbott, CEO da ACL, foi direto: “Se isso acontecer, estaremos fora do mercado e teremos que fechar”. Ele afirma que as sanções atingem mais os exportadores e importadores dos EUA do que os próprios alvos da medida.

A proposta tem como objetivo fortalecer a indústria naval americana, que há anos perde espaço para a chinesa. Mas Abbott acredita que a abordagem está errada. Para ele, as maiores empresas conseguirão absorver os custos. Já companhias menores, como a sua, podem ser empurradas para fora do setor.

98% da frota mundial virá da China

Atualmente, quase todos os navios comerciais do mundo são fabricados na China. Segundo estimativas, em breve 98% da frota mundial virá do país asiático. A própria ACL opera com embarcações construídas lá.

A empresa pertence ao grupo italiano Grimaldi, mas é considerada a mais antiga linha de contêineres em operação contínua no mundo.

Ela também é a única a manter navios combinados de contêineres e carga roll-on-roll-off entre a América do Norte e o norte da Europa.

Se a ACL deixar os EUA, o impacto pode ser direto para setores industriais. Ela transporta cargas como veículos, máquinas agrícolas, equipamentos de construção, aeronaves e peças da Airbus, incluindo asas fabricadas nos Estados Unidos.

“Se desaparecermos, vocês terão que encontrar outro navio graneleiro de freio”, disse Abbott à CNBC.

Possível realocação para a Ásia

Abbott afirmou que, caso as penalidades entrem em vigor, a empresa vai deslocar seus navios para a Ásia. Os custos repassados aos clientes americanos seriam altos demais. “Seríamos forçados a retirar nossos navios do Atlântico, dos negócios com os EUA e provavelmente colocá-los na Ásia”, afirmou.

As críticas à proposta cresceram. Mais de 300 grupos comerciais e entidades se manifestaram contra a medida. Muitos alegam que a política não atinge os verdadeiros alvos. “Os caras que você quer atingir estão saindo impunes, e os caras que estavam em seu próprio país são pegos”, afirmou Abbott.

O fechamento da operação da ACL nos EUA também afetaria 300 empregos diretos, além de toda a cadeia logística ligada à empresa.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista com mais de uma década de experiência, especializado na cobertura de temas estratégicos como indústria naval, tecnologia, economia, geopolítica, setor automotivo, energia renovável e política. Desde 2015, atuo em grandes portais de notícias, com destaque especial para reportagens e análises sobre o setor naval, acompanhando de perto as tendências, desafios e inovações da indústria marítima nacional e internacional.

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