As novas multas que estão sendo avaliadas nos Estados Unidos contra porta-contêineres chineses preocupam empresas do setor. Uma transportadora marítima declarou que, caso as sanções entrem em vigor, a operação no mercado americano se tornará inviável.
A Atlantic Container Line (ACL), empresa de transporte marítimo com sede nos Estados Unidos, declarou que poderá sair do mercado dos Estados Unidos se o governo americano avançar com multas contra navios construídos na China.
Empresa teme perder competitividade
A medida em discussão prevê cobranças pesadas para navios fabricados em estaleiros chineses. A proposta foi feita com base na Seção 301 da lei comercial dos EUA. Se aprovada, empresas como a ACL podem ter que pagar até US$ 1,5 milhão por escala em portos americanos.
Andrew Abbott, CEO da ACL, foi direto: “Se isso acontecer, estaremos fora do mercado e teremos que fechar”. Ele afirma que as sanções atingem mais os exportadores e importadores dos EUA do que os próprios alvos da medida.
-
Navalshore 2025 bate recordes e promete revolucionar o setor naval brasileiro
-
Marinha e UFRJ lideram revolução energética: Brasil aposta alto em energia nuclear no mar com reatores modulares que podem transformar plataformas offshore e submarinos
-
Brasil encurta o oceano: nova rota direta com a China reduz pela metade o tempo de transporte e muda o jogo do comércio global brasileiro!
-
Gigante dos mares de 6,5 bilhões: Norwegian Aqua redefine o conceito de cruzeiro de luxo com montanha-russa aquática e experiências incríveis!
A proposta tem como objetivo fortalecer a indústria naval americana, que há anos perde espaço para a chinesa. Mas Abbott acredita que a abordagem está errada. Para ele, as maiores empresas conseguirão absorver os custos. Já companhias menores, como a sua, podem ser empurradas para fora do setor.
98% da frota mundial virá da China
Atualmente, quase todos os navios comerciais do mundo são fabricados na China. Segundo estimativas, em breve 98% da frota mundial virá do país asiático. A própria ACL opera com embarcações construídas lá.
A empresa pertence ao grupo italiano Grimaldi, mas é considerada a mais antiga linha de contêineres em operação contínua no mundo.
Ela também é a única a manter navios combinados de contêineres e carga roll-on-roll-off entre a América do Norte e o norte da Europa.
Se a ACL deixar os EUA, o impacto pode ser direto para setores industriais. Ela transporta cargas como veículos, máquinas agrícolas, equipamentos de construção, aeronaves e peças da Airbus, incluindo asas fabricadas nos Estados Unidos.
“Se desaparecermos, vocês terão que encontrar outro navio graneleiro de freio”, disse Abbott à CNBC.
Possível realocação para a Ásia
Abbott afirmou que, caso as penalidades entrem em vigor, a empresa vai deslocar seus navios para a Ásia. Os custos repassados aos clientes americanos seriam altos demais. “Seríamos forçados a retirar nossos navios do Atlântico, dos negócios com os EUA e provavelmente colocá-los na Ásia”, afirmou.
As críticas à proposta cresceram. Mais de 300 grupos comerciais e entidades se manifestaram contra a medida. Muitos alegam que a política não atinge os verdadeiros alvos. “Os caras que você quer atingir estão saindo impunes, e os caras que estavam em seu próprio país são pegos”, afirmou Abbott.
O fechamento da operação da ACL nos EUA também afetaria 300 empregos diretos, além de toda a cadeia logística ligada à empresa.